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Relato de mãe: limites de mais ou de menos. Educar uma criança não é tão simples assim!

Por Redação Doutíssima 01/11/2013

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É incrível como, no processo de educar um filho, no meu caso, uma filha de 3 anos, somos nós, pais, que nos aprofundamos num aprendizado sem fim. Na tentativa de obter informações, ideias, opiniões ou qualquer “luz” que nos oriente sobre o que fazer em tantas situações pelas quais passamos, aprendemos muitos com a experiência de outras pessoas, ouvimos dicas valiosas (outras nem tanto), mas sempre é aquela história: o que vale para os outros nem sempre vale pra nós, ou a teoria é uma coisa e a prática é outra. E, assim, vamos buscando o que é melhor em cada caso, para cada criança, para cada família.

“A Bia tem uma personalidade forte”, é o que eu costumo ouvir. Realmente, ela já sabe opinar em favor do que quer, expressa gostos e desejos, sugere soluções e até sabe argumentar. Eu fico dividida entre a imposição dos limites e disciplina e o espaço que tenho que dar a ela para que se desenvolva com sua própria personalidade, com segurança e auto-estima. Procuro me atentar ao tipo de disciplina que tenho que aplicar em cada caso, se esse ou aquele método está funcionando pra ela, se estou sendo muito permissiva. Mas, confesso, como acho difícil achar um equilíbrio!

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Durante a reunião de pais da escola, comentei com a professora sobre essa minha preocupação em não limitar demais, deixar a minha filha ser quem ela é. Então, ela citou uma frase que, provavelmente, eu já tinha visto mas, naquela hora, fez muito sentido: “Educar não é cortar as asas e sim orientar o voo.” É isso!

E acho que, às vezes, os pais (e eu me incluo nisso), preocupados em impor limites, em disciplinar da forma que acreditam ser a melhor, falham e acabam “podando” demais; perdemos a paciência, não respeitamos algumas preferências, atitudes e traços da personalidade, não dispomos de tempo e persistência necessários para ensinar. Às vezes, o autoritarismo é sim a maneira mais fácil de “educar”. Mas tenho sérias dúvidas sobre os resultados deste modelo.

Já li e conversei com profissionais que, até os 4 ou 5 anos, a criança demonstra ser aquilo que ela exatamente é, com a sua personalidade e caráter ainda pouco afetados pelo ambiente mas, ao mesmo tempo, nesta época vai se construindo seu caráter. A partir daí, alguns traços passam a ser mais facilmente adquiridos enquanto outros já estão “enraizados”. Então a nossa responsabilidade parece pesar ainda mais. Eu me pergunto o tempo todo: como eu quero que minha filha encare a vida? Quais os valores quero que ela leve sempre com ela? Será que não estou passando minhas inseguranças para ela? Tenho dado um bom exemplo? Que referências ela tem? Tenho dedicado tempo de qualidade, demonstrado amor suficiente?

Novamente, lembro da frase citada pela professora (e cujo o autor, até onde eu pesquisei, continua desconhecido): o que posso fazer para orientar o voo da minha filha enquanto ela ainda é uma esponjinha cheia de desejos e vontade de encarar o mundo que ela está conhecendo agora? Acredito, sim, ser essa também a minha responsabilidade como mãe e do meu marido como pai. E quanto melhor desempenharmos essa tarefa desde o início, diminuímos a força que algumas influências, especialmente aquelas que não estão de acordo com nosso valores e princípios, podem causar agora ou mais pra frente e que podem desviar esse voo para destinos não muito desejáveis.

Contudo, infelizmente (ou felizmente?) não podemos ter um controle o tempo todo, para a vida toda. E também a última coisa que quero é podar as asas  que podem fazer da minha filha uma pessoa feliz, segura de si mesma, determinada, amável, solidária, e tantas outras qualidades que desejo em sua vida. Vendo ou não os meus defeitos, ela também terá os dela e eu quero estar junto para poder ajudá-la a adaptá-los na sua vida em sociedade. É difícil? Sim, pelo menos eu acho. E também não acho que, se tiver um outro filho, será mais fácil. Se me diziam que a parte da educação é uma das mais complicadas para os pais porque pode custar muito caro (em termos financeiros), penso que isso é bem mais verdadeiro quando pensamos na educação que não cabe às instituições de ensino, mas à nossa própria família.

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Tania Camilio

32 anos, mãe da Beatriz (3 anos), publicitária, realiza também trabalhos como fotógrafa. Alguns trabalhos podem ser conferidos na sua página Facebook aqui.