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Relato de uma mãe: conheça a história de adoção de Alessandra

Por Rafaela Monteiro 05/11/2013

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Meu nome é Alessandra e sou casada há 12 anos com o Walter. Quando nos conhecemos ele me contou que havia feito vasectomia e fiquei muito confusa. Depois de um mês começamos a namorar. Ele já vinha de outro casamento que não deu certo, tem dois filhos, uma moça e um rapaz, já é avô. Sempre pensei na adoção, sempre acreditei fielmente que o nosso filho viria de adoção, nunca busquei outros recursos na medicina.

Quando Deus colocou o meu esposo na minha vida, não foi em vão. E foram 12 anos indecisos porque eu não me via com bebê, tive que convencer o meu esposo e família porque não havia casos de adoção na nossa família, quebra de paradigmas. E sempre o povo vem com histórias absurdas. Quando comecei a participar do grupo de adoção no Orkut pude aprender, e ainda aprendo, muita coisa. Assim, aos poucos fui conversando com o meu esposo e familiares.

Em 2010 decidimos fazer o cadastro, conversava muito com o meu esposo e dizia que na 1ª vez que fôssemos chamados, já seria para encontrar o nosso filho. Sempre tive um diário (segredo total), escolhi o nome dele que seria Manoel (nome do meu avô materno) e todos os dias orava por ele, filho. No dia 16 de abril de 2011, aniversário do meu pai, o fórum nos chamou. Quando a assistente Social me falou o nome da criança não tive nenhuma dúvida que era o meu filho mesmo sem conhecê-lo. Meu esposo sempre me apoiou, quando contei para ele do meu segredinho ficou completamente radiante e os meus pais também.

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Fomos pela 1ª vez no abrigo, é o nosso filho, eu disse para o meu esposo… Chorei muito com ele no meu colo e tive muita vontade de levá-lo pra casa. Foram três meses de estágio de convivência com muita paz, tranquilidade, amor, diálogo, passeios, paciência  e confesso que sofri muito no período do estágio, me sentia insegura por saber que a família biológica é da cidade vizinha.

Durante o período de estágio sem menos esperar encontrei a avó biológica na cidade onde moramos, perto do supermercado, ela nos parou e me olhou de baixo em cima (gelei), fez perguntas ao meu filho e ele respondeu educadamente, não estava preparada para um encontro inesperado (a bio ainda não tinha perdido o poder familiar). Em outro dia,  a tia bio com os filhos também acabou nos encontrando perto da casa onde moramos. Por várias vezes me questionava quanto a essas questões que não faziam parte dos meus planos e o medo de perdê-lo era imenso. E assim tive que saber,aprender a lidar. Imaginava tudo diferente e confesso que no início foi assustador.

Ensinamos o nosso filho a orar por ela e com ele oro também agradecendo por ter guardado ele na barriga dela para mim, ele sempre fica em silêncio e respeitamos. Tive momentos de muita insegurança e medo ao mesmo tempo, tudo de repente, não me via mais sem ele e o medo era fatal, pois ele nos completa e a casa ficou cheia porque ele é alegria vinte e quatro horas por dia.

Ganhamos à guarda provisória no dia do aniversário do meu esposo em julho e no dia 15 de julho completamos 12 anos de casados e o nosso filho com 11 anos de idade. E no dia 13/12/2012 ganhamos de presente a Certidão. Hoje o nosso filho está com 13 anos e já progrediu muito e em todos os sentidos. 

 

De repente

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Eu que pensava que já estava completa a família quando Deus colocou a Dani no meu coração. Costumo dizer que as minhas gestações são rápidas demais!!

No início do ano o Oficial de justiça veio nos trazer uma intimação para irmos ao fórum para assinarmos se queríamos ou não continuar na fila de adoção, fomos juntamente com o Wictor Manoel, até por que ele sempre pediu irmãos (não temos contatos com a família biológica dele e não sabemos nada com relação aos irmãos). E quando foi em fevereiro vi uma postagem de uma pessoa, que acabou sendo a minha “fada madrinha” no grupo ‘História de Adoção’ no face book, falando de uma colega que iria viajar do RJ para Sertãozinho para conhecer a filha que estava no abrigo. Então tentei ajuda-la procurando contatos em Ribeirão Preto para hospedagem por ser uma cidade vizinha, mas, não consegui. E mesmo assim deu tudo certo com relação essa pessoa (Aline e esposo), ela conheceu a filhinha Thalia com 5 anos de idade, coração de mãe não se engana. Poucos dias depois uma outra pessoa (Mariângela e esposo) viajou para Sertãozinho para conhecer também o seu filhinho João Ricardo com 7 anos.

Até então não sabia de nada sobre a visita da Aline ao abrigo e como foi, olhava sempre no grupo para verificar se havia informação, nada. E quando foi no dia 15 de março de 2013 recebi uma mensagem da Aline perguntando sobre o nosso perfil (porque eu havia comentado no grupo que já estava grávida logo assim que assinei a documentação no fórum) e o nosso perfil sempre foi para crianças com 5 a 7 anos de idade (perfil flexível), cor e sexo era indiferente.

Ela me falou de uma menina com 12 anos que era irmãzinha de sua filhinha e irmãzinha do filhinho da Mari. Na mesma hora liguei para o meu esposo, contei toda história, conversamos com Wictor Manoel que por sinal ficou muito feliz, via no olhar dele o desejo em ter irmãos devido toda a sua história. Quando foi no dia 19 de março fomos ao abrigo para conhecer a Daniela com 12 anos, amor á primeira vista, era a minha filha e não tinha como negar. Fomos umas duas vezes visitá-la no abrigo e ela também em nossa residência.

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Quando foi no dia 05/04 fomos ao abrigo para buscá-la já com a guarda provisória para 90 dias, foi um dia muito feliz e ao mesmo tempo triste por que ela iria deixar dois irmãos ainda no abrigo dos meninos, são cinco irmãos. Ela, se controlando para não chorar, almoçamos todos no abrigo e no momento da despedida para mim foi o momento mais angustiante de toda a minha vida. Tentei segurar as lágrimas por que via o quanto ela estava sendo forte, ou tentando ser, para os irmãos não sofrerem.

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O Matheus H. com 10 anos me pediu uma família e o Lucas G. com 15 anos muito tímido e semblante abatido. Foram quatro meses e meio que mais fiquei triste, não contei para ninguém por que sabia que iam tentar tirar a ideia da minha cabeça, por que no meu coração eles já eram meus, Matheus H. e  o Lucas G.

Tinha medo da reação do meu esposo e família, e também por questões financeiras por que seriam mais dois, quatro filhos…Tomei coragem, falei como meu esposo, tomou um susto no primeiro momento! Deixei o susto passar, até que no dia 21 de agosto liguei para o fórum e falei da adoção dos dois irmãos da minha Dani, tomaram um susto também! Quando foi no dia 23/08 eles vieram para a nossa residência e passaram conosco 13 dias, retornamos ao abrigo no dia 03/09 para trazê-los já com a guarda provisória para 120 dias…

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Nunca vou esquecer esse dia, o sorriso no rosto do Lucas por que não tinha esperança, sabia disso e estava sendo preparado para ficar devido a idade e a alegria do Matheus por ter logo uma família assim como os irmãos. Tento imaginar o mundo de uma criança em um abrigo há seis anos vendo a vida acontecer lá fora. Segui meu coração sim e coração de mãe não se engana nunca!

Não foi fácil encarar a sociedade e alguns comentários tipo: você é louca! Você vai direto para o céu! Você é uma santa! Você não tem medo de adotar um menino com 15 anos? Nossa como você é maluca, ainda vai se arrepender! Precisa de um ônibus só para vocês! Monta uma creche Alessandra! Mas, estou tirando de letra contando sempre com a força de Deus!

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Muitos foram os comentários!! Deus é conosco e até hoje só temos bênçãos para contar e creio que será sempre assim.

Todo o dia aparece alguém para perguntar “se está tudo bem”, querendo ouvir alguma tragédia. Confesso, com o coração limpo que os meus filhos são maravilhosos, obedientes, inteligentes, amorosos… O melhor presente que ganhei no ano de 2013, três filhos.

Todos me chamam de mãe e o meu esposo de pai, o Wictor Manoel adotou eles como irmãos e eles também, vivemos em paz!

Digo sempre: #FARIATUDODENOVO

Não nasceram de mim, mas para mim!

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Alessandra Monteiro, 40 anos, professora.

Elá é a mãe coruja do Witor (13), Daniela (12), Lucas (15) e Matheus (10).