Saúde Mental

“Foi a maçaneta da porta”: famosas alertam para violência contra a mulher

Por Redação Doutíssima 26/08/2015

Foi a maçaneta da porta. Essa frase faz algum sentido para você? Em caso negativo, saiba que este é justamente o propósito dela: instigar. Trata-se, na verdade, de um movimento de alerta em relação à violência contra a mulher, iniciado nas redes sociais pelas celebridades.

Tudo começou quando Bela Gil postou a frase “foi a maçaneta da porta” em sua timeline do Facebook. A maioria dos internautas não entendeu nada. Mas os curiosos decidiram verificar o histórico de edições do post e, então, visualizaram a seguinte mensagem:

“É isso que você deve fazer sempre: reparou alguma coisa estranha, procure saber mais. Muitas vezes, uma maçaneta da porta é um marido agressivo e a vítima não tem coragem de dizer. Viu sinais de agressão? Denuncie. Faz um 180 e dê uma virada nessa realidade. Disque-Denúncia – 180“

foi a maçaneta da porta doutissima facebook reproducao

Campanha “Curiosidade Salva” incentiva internautas a ficarem atentos aos sinais de violência contra a mulher

 

Foi a maçaneta da porta: campanha com famosos

Depois de Bela, outras pessoas públicas seguiram postando mensagens enigmáticas na rede, como “foi a torneira do chuveiro” ou “foi a quina da mesa” – sempre com o mesmo intuito: chamar atenção para os sinais de violência contra a mulher e engajar seus seguidores na internet.

A campanha chamada de “Curiosidade Salva” é uma parceria entre personalidades como Deborah Secco, Marjorie Estiano, Luiza Possi e Preta Gil com o Disque Denúncia do Rio de Janeiro. No decorrer desta semana, outras celebridades deverão aderir ao movimento.

A estratégia foi aprovada pela maioria dos usuários da rede, que deixaram comentários elogiando o viés criativo da ação para a abordagem de um assunto tão delicado. Em dois dias, o post de Bela Gil já contava com mais de 18 mil “curtidas” na rede.

Três em cada cinco mulheres já sofreram violência

Os dados relacionados à violência contra a mulher, apurados por diferentes instituições, são expressivos. Informações divulgadas pelo Instituto Maria da Penha apontam que, a cada dois minutos, cinco mulheres sofrem algum tipo de agressão. Cerca de 74% delas não denunciam seus agressores.

Outro levantamento, realizado em 2014 através de parceria entre o Instituto Avon e o Data Popular, constata que três a cada cinco mulheres brasileiras já sofreram violência em relacionamentos. Nesse quadro, entram as agressões físicas (socos, empurrões, tapas) e verbais (xingamentos, ofensas).

Os dados também condizem com as informações apuradas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que sugerem: sete em cada dez mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida.

Violência doméstica: como ajudar?

O propósito da campanha “Curiosidade Salva” é fazer com que as pessoas fiquem mais atentas em relação à violência doméstica. Mas como perceber quando alguém está passando por esta situação?

De acordo com a médica e coordenadora de Políticas do Centro de Atendimento Viva Mulher, Anita Lucas de Oliveira, alguns sinais são mais evidentes. “A mulher costuma se queixar de dores estranhas e recorrentes no corpo, por exemplo”, aponta.

Segundo Anita, a pessoa também fica mais tímida e introspectiva. Por isso, as amigas ou vizinhas devem desconfiar quado a mulher apresenta esse comportamento e diz que ‘está tudo bem’, de forma não convincente. “É importante apoiar a denúncia e a busca por um centro de apoio”, acrescenta.

Oferecer auxílio ao desconfiar da violência doméstica pode ajudar, também, a evitar crimes passionais, conforme destaca a psicóloga clínica Carina Kirst. “Normalmente as mulheres ficam com medo dos homens ou têm vergonha de admitir o problema. Isso pode levar à depressão, ao suicídio ou, até mesmo, à morte causada pelo agressor”, alerta a psicóloga.


Por isso, ao perceber que alguém evita qualquer tipo de conversa relacionada ao ambiente familiar e apresenta marcas no corpo, você deve escutar, aconselhar e incentivar a denúncia. “É muito fácil a pessoa se habituar à violência e, a longo prazo, isso pode criar um quadro psicológico muito difícil de resolver”, conclui Carina.

 

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