Clínica Geral

O que é e como tratar a dislexia

Por Redação Doutíssima 04/09/2013

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O que é?

A dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica. Ela se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico, ou seja, ela compromete a capacidade da criança de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em outras palavras, quem tem dislexia não consegue estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.

Estima-se que a dislexia atinja 10 a 15 % da população mundial, podendo persistir mesmo na vida adulta.

 

Causas

A dislexia tem sido relacionada à fatores genéticos. A causa do distúrbio é uma alteração no cromossomo 6, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família, por exemplo, se um familiar tem problemas fonológicos, mesmo que não possua dislexia, ele pode ser o responsável por transmitir o cromossomo danificado. Pesquisas recentes mostram que a dislexia também pode estar relacionada à produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.

 

Dificuldades identificadas em cada fase

 

Pré-Escola, pré-alfabetização 

 

  • Aquisição tardia da fala
  • Pronunciação constantemente errada de algumas sílabas
  • Crescimento lento do vocabulário
  • Problemas em seguir rotinas
  • Dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome
  • Falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar, amarrar sapato, …)
  • Não conseguir narrar uma história conhecida em seqüência correta
  • Não memorizar nomes ou símbolos
  • Dificuldade em pegar uma bola

 

Início do ensino fundamental – Alfabetização

  • Fala
  • Aprender o alfabeto
  • Planejamento e execução motora de letras e números
  • Preensão do lápis
  • Motricidade fina e do esquema corporal.
  • Separar e seqüenciar sons (ex: p – a – t – o )
  • Habilidades auditivas – rimas
  • Discriminar fonemas de sons semelhantes: t /d; – g / j; – p / b.,
  • Diferenciação de letras com orientação espacial: d /b ;- d / p; – n /u; – m / u pequenas diferenças gráficas: e / a;- j / i;- n / m;- u /v
  • Orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano)
  • Orientação espacial (lateralidade difusa, confunde a direita e esquerda, embaixo, em cima) execução da letra cursiva


Ensino Fundamental

 

  • Atraso na aquisição das competências da leitura e escrita. Leitura silábica, decifratória. Nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade.
  • Soletração de palavras
  • Ler em voz alta diante da turma
  • Supressão de letras: cavalo /caalo;-. biblioteca/bioteca; – bolacha / boacha
  • Repetição de sílabas: pássaro / passassaro; camada / camamada
  • Seqüência de letras em palavras Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fla-fal; me-em).
  • Fragmentação incorreta: o menino joga bola – omeninojo gabola
  • Planejar, organizar e conseguir terminar as tarefas dentro do tempo
  • Enunciados de problemas matemáticos e figuras geométricas
  • Elaboração de textos escritos expressão através da escrita
  • Compreensão de piadas, provérbios e gírias
  • Seqüências como: meses do ano, dias da semana, alfabeto, tabuada. mapas
  • Copiar do quadro

 

Ensino Médio

 

  • Podem ter dificuldade em aprender outros idiomas.
  • Leitura vagarosa e com muitos erros
  • Permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas
  • Dificuldade em planejar e fazer redações
  • Dificuldade para reproduzir histórias
  • Dificuldade nas habilidades de memória
  • Dificuldade de entender conceitos abstratos
  • Dificuldade de prestar atenção em detalhes ou, ao contrário, atenção demasiada a pequenos detalhes
  • Vocabulário empobrecido
  • Criação de subterfúgios para esconder sua dificuldade

 

Ensino Superior / Universitário

  • Letra cursiva.
  • Planejamento e organização.
  • Horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem).
  • Falta do hábito de leitura.
  • Normalmente tem talentos espaciais (engenheiros, arquitetos, artistas).

 

Tratamento

A dislexia ainda não tem cura, mas pode ser tratada de forma a possibilitar uma vida escolar normal. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas, como pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros, para ajudar no aprendizado.

 

Recomendações

  • As dificuldades no aprendizado sempre aparecerão, de uma forma ou de outra, mas isso não significa necessariamente que a criança é portadora de dislexia. Fique sempre atento e se as dificuldades persistirem, procure um especialista.
  • Uma criança com dislexia não é menos inteligente, mas necessita de mais tempo e de diferentes métodos para corrigir ou atenuar o distúrbio.
  • O processo é longo, é importante ter paciência e persistência.
  • Procure escolas preparadas para atender às necessidades específicas.

 

Fonte: ABC da Saúde