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Relato de mãe: Mãe-Brother x Consumismo Infantil

Por Redação Doutíssima 20/10/2013

Toddler with shopping bags.

Sempre brinco que eu sou mãe-brother, porque não dou broncas que acho desnecessárias e por motivos bobos. Aqui em casa pode abrir a gaveta da cozinha, por tudo pra fora, depois tudo para dentro, bagunçar a sala, sujar a roupa, andar de descalço, brincar dentro do carro e por aí vai. Mas como mãe brother também imponho horários, limites e tento seguir uma rotina (sempre que possível).

O que é uma mãe-brother?

Tinha muito tempo que não pensava no termo “mãe-brother” até me deparar com a seguinte cena ontem em um café infantil: Uma criança brinca com a nova boneca da moda quando a dona da boneca a quer de volta e claro começa o berreiro. Prontamente, a mãe da criança chorona pega o tablet, clica na loja virtual e fala para a filha: “Essa é a mesma boneca que você estava brincando, quer que a mamãe compre para você? Tá bom, mamãe comprou ok? Não chora mais, já já a boneca chega lá em casa!”

Hein???? Fiquei com a maior cara de interrogação do mundo. Na hora pensei, se eu sou mãe-brother, essa aí então é o que? Mãe BFF (Best Friend Forever). A cena foi mais sem cabimento ainda por ter passado somente 3 dias do dia das crianças.

Numa época em que nunca se falou tanto em Infância Livre do Consumismo, em Feira de Troca de Brinquedos, Troca de Presente por Presença, a importância de deixar seu filho aprender a lidar com frustração, toda essa informação importante a um clique das mãos de pais que preferem cliques mais fáceis do que lidar com a birra e ensinar a compartilhar, criando crianças individualistas e robotizadas.

Robotizadas? Sim. Hoje em dia a criança não precisa mais entender a brincadeira, nem fantasiar, a brincadeira vem pronta. A boneca come, dorme, arrota, faz xixi. O carrinho rodopia sozinho, faz piruetas espetaculares só apertando um botão. O cachorro late, levanta a perninha e pasmem, canta e conta piada!

Consumismo

Nossas crianças estão robotizadas

Faço minhas as palavras do escritor Frei Betto sobre crianças robotizadas: “A diferença com as gerações passadas é que, agora, o protagonista da fantasia não é a criança. É a animação do desenho virtual, como se a tecnologia “soubesse” por ela. Talvez essa robotização explique um fenômeno tão comum nas grandes cidades: adolescentes e jovens que, em ônibus e metrô, se fazem de cegos ao ver, de pé, idosos, portadores de deficiência e mulheres grávidas, e permanecem tranquilamente sentados, se lixando para a mais elementar educação.”

Porém, não acredito que a solução seja manter nossos filhos longe desses brinquedos ou não deixá-los aproveitar da tecnologia disponível. A mãe-brother é aquela usa o bom-senso no dia-a-dia e faz do brinquedo um aliado para ensinar valores aos filhos. E mesmo quando eles nos pedirem ou ganharem esses brinquedos super modernos, acredito que basta gastar um tempo de qualidade com eles para criar situações que colocam a imaginação para funcionar. Assim até a brincadeira com o cachorro falante, dançarino, que abana o rabo e faz xixi, cabe criar uma fantasia.

Entender que brincadeira é coisa séria faz parte da difícil tarefa de educar, e gerenciar nosso tempo para nos dedicarmos a estar mais presentes na vida de nossos filhos acredito ser um dos grandes desafios de nós pais modernos, brothers, atualizados que queremos filhos que façam a diferença no futuro.

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Ela é a mãe-brother do Luca. Muito moderninha e sempre ligada nas novidades do mundo infantil, ela tenta conviver com seu filho e sua família nesse mundo cheio de informação e ligado no 220 sem perder a magia dos tempos antigos, onde a fantasia era nosso maior tesouro. Apaixonada pela vida, sua família e seu trabalho, ela compartilha aqui suas aventuras com mamães e papais como você!