Clínica Geral

Saiba mais sobre o ronco

Por Redação Doutíssima 29/10/2013

ronc1

Uma sinfonia de roncos seguidos de verdadeiros cortes na respiração. Essa é a apnéia do sono, doença que rege sérios desarranjos no organismo.

Mais uma noite de orquestra se aproxima e, num piscar de olhos, começam os roncos nos mais diversos tons. A platéia, seleta, geralmente é composta de uma única pessoa: o companheiro de cama. A respiração ruidosa, porém, não representa o auge do espetáculo. Ela precede um bloqueio na passagem do ar inspirado pelo maestro dessa desafinada orquestra. Na ânsia de recuperar o fôlego, ele tem uma espécie de engasgo, volta a respirar e, em seguida, engata uma nova série de sons barulhentos. Essa ópera que persiste madrugada adentro é coisa séria e atende pelo nome de apnéia do sono.

O mais sonoro sinal da doença é o ronco. Esse distúrbio ocorre de maneira acentuada em 7 a cada 100 e outras 20 em cada 100 o apresentam pelo menos uma noite ao longo da vida. A apnéia costuma se apresentar por volta dos 40 anos, sobretudo nos homens que estão acima do peso. Isso ocorre pois, a partir dessa faixa etária, a musculatura da faringe fica mais flácida.

Esse tubo se estreita quando o indivíduo se deita e possíveis amontoados de gordura na região da garganta obstruem ainda mais o caminho do ar. Então, esse estreitamento provoca uma vibração, o que chamamos de ronco, seguida de uma parada silenciosa da respiração. A faringe se fecha por, no mínimo, dez segundos e, em casos graves, pode ficar assim por um minuto.

Quem passa por isso, geralmente, nem percebe o sufoco e é isso que torna as coisas ainda mais perigosas, pois quem sofre desse mal tende a dormir muito, mas o sono não repõe as energias, pois é interrompido pela respiração irregular. O maior motivo de preocupação é a falta de ar e a inconstante entrada de oxigênio que fazem com que a pressão arterial dispare, aumentando o risco de adquirir ou agravar uma hipertensão resistente, quadro em que a pressão não cai mesmo quando se usam três medicamentos. Um fenômeno que, no início, se restringe à madrugada, mas, com o tempo, ganha o dia e a vida do apnéico. O elo entre ambas as doenças, a apnéia e a hipertensão, independe de fatores como idade, sexo ou obesidade. A apnéia aumenta em cinco vezes o risco de hipertensão resistente.

ronc2Enquanto a apnéia não é tratada, a pressão alta também não cede. E engana-se quem acredita que o ronco esporádico ou uma apnéia leve não oferecem riscos, pois a apnéia pode evoluir com a idade, ainda mais se a pessoa engordar.

A parceria entre esse distúrbio do sono e os problemas cardiovasculares culmina num círculo vicioso um agrava os outros, e vice-versa. Aliás, a apnéia afeta até o ritmo cardíaco.

Outro problema duro na queda que faz da apnéia uma aliada é o diabete. Quem sofre com os picos de açúcar no sangue torna-se mais facilmente apnéico, e o apnéico, por sua vez, está mais suscetível a desenvolver resistência à insulina, ficando a um passo de se tornar diabético.

A apnéia do sono é um tremendo ruído para a saúde. Por isso, se os roncos ou a sonolência diurna ganharem acordes mais intensos, é hora de procurar um médico e iniciar o tratamento. Pois é só tendo uma respiração adequada durante o sono é que a cortina desse show de problemas vai se fechar.