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Entenda o conceito de família na visão sistêmica

Por Rafaela Monteiro 02/11/2013

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A família recebe influências externas e por isso pode ser compreendida como um sistema. Segundo, Ludwig Von Bertalanffy,  precursor da Teoria Geral dos Sistemas, os “sistemas” são complexos de subsistemas colocados em interação, ou seja, um conjunto de elementos que tem relações entre si e com o meio, em busca de um resultado final.

Para este pesquisador, não basta investigar os constituintes e os processos de forma isolada, pois a análise das partes e dos processos, separados uns dos outros, não propicia uma explicação completa do fenômeno da vida. Portanto, entender a família como um sistema permite a compreensão de que mudanças no meio irão causar modificações na própria família, em sua dinâmica e na subjetividade de seus membros.

 

A visão de Bertalanffy 

Bertalanffy apresenta a ideia dos sistemas abertos e dos sistemas fechados. A família seria um sistema aberto, pois este é definido como “um sistema em troca de matéria com seu ambiente, apresentando importação e exportação, construção e demolição dos materiais que o compõe”. O sistema fechado é aquele que não tem intercâmbio com o meio, levando progressivamente para desintegração e morte. Na teoria sistêmica, a família pode ser considerada um sistema aberto devido “ao movimento de seus membros dentro e fora da interação de uns com os outros e com os sistemas extra familiares, num fluxo constante de informação, energia e material”. Os comportamentos dos membros influenciam e são influenciados uns pelos outros.

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De acordo com Bucher, a família enquanto unidade sistêmica apresenta-se como sendo a base do processo de individuação de seus membros e, por sua vez é também influenciada por eles. Esse processo de separação-individuação requer que a família vivencie diversas fases de desorganização, quando o equilíbrio de um estágio é rompido em preparação para outro mais adequado.

As fases de instabilidade, marcadas por confusão e incerteza, revelam a passagem para um novo equilíbrio emocional, caso a família seja capaz de tolerar a diferenciação de seus membros. A família possui forças internas e externas que contribuem para sua regulação, conferindo-lhe uma capacidade auto-organizativa e uma coerência e consistência no jogo de equilíbrios dinâmicos interior-exterior.

 

Natureza dinâmica

Outro aspecto dos sistemas que auxilia no entendimento da dinâmica familiar é a sua natureza dinâmica. Por isso, suas formas não são estruturas rígidas, mas, manifestações flexíveis, embora estáveis, de processos subjacentes.

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Para isso, é importante compreender que o conceito de família é polissêmico. Restritamente, refere-se ao núcleo familiar básico e, amplamente, ao grupo de indivíduos vinculados entre si por laços consanguíneos, consensuais, jurídicos ou afetivos, que constituem complexas redes de parentesco e de apoio atualizados de forma episódica, através de intercâmbios, cooperação e solidariedade, com limites que variam de cultura, região e classe social a outra.

Portanto, verifica-se que a família é uma elaboração ideológica e social, e que fracassará qualquer tentativa de defini-la como uma instituição delimitada, com características universais.