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O que fazer com um aluno indisciplinado na escola?

Por Leonardo Duart Bastos 03/11/2013

aluno rebelde

O que fazer com um aluno indisciplinado? Em um primeiro momento nos vem à mente punições, oferecer limites e mais limites para a indisciplina dele.

 

Mas será a indisciplina somente a falta de limites?

Tive a oportunidade certa vez de atender um garoto, encaminhado por sua escola por conta de seu comportamento inconveniente. Nunca parava sentado e o tempo todo estava conversando. Logo no primeiro atendimento, em uma atividade de desenho notei que ele aproximou muito o rosto da folha. Estava na minha frente um míope cuja urgência era de um oftalmologista e não de um psicólogo. Fiz um breve teste de acuidade visual para confirmar a observação e o encaminhei para o oftalmologista.

Mantive por um mês após ele ganhar os óculos o atendimento, duas vezes por semana com a finalidade de motivá-lo a descobrir o mundo que antes não enxergara. Foi mágico! Muito rápido ele apreendeu a ler e passou a se interessar pelo que a professora ensinava. Tenho que confessar que ele ainda continuou a ser um aluno que falava muito na sala de aula. Ele já havia descoberto as habilidades sociais mais que ninguém por conta da sua limitação visual!

Hoje quando me perguntam sobre como manter a disciplina de alunos em sala de aula, penso muito mais no porque eles não são disciplinados do que no porque eles são indisciplinados. E procuro investigar o que é que o afasta do comportamento desejado pelo professor. Às vezes descobrimos alguma patologia sensorial – deficiência auditiva ou visual- em alguns casos raros algumas alterações neurológicas, mas em muitos casos, aulas desinteressantes, pouco motivadores e não adaptadas ao perfil diversificado dos alunos.

A diversidade cultural e de estímulos que nossas crianças estão expostas neste mundo de tecnologias provocam nelas uma diversidade de interesses, ou de formas de se interessarem pelas coisas. Também formas diferentes de funcionar e de apreender. Quase que podemos dizer que para cada criança existe um paradigma de aprendizagem. Isso não significa, por sua vez que para cada criança deva haver um professor ou um método, mas antes disso que aja da parte de quem ensina flexibilidade, senso de observação e compreensão e principalmente empatia.

Há de se entender que existem varias maneiras de se aprender e de ser alguém, e que o aluno pode estar seguindo, por sua natureza ou escolha uma diferente da do professor ou de seus pais.

Também há de se entender que todos os seres humanos querem ser reconhecidos, querem ser alguém, e quando não dão conta de o serem pelo meio normal acabam por tentar ser por outro meio nem sempre conveniente como foi o caso do garoto citado no inicio, que por não conseguir, por sua deficiência visual, ser valorizado como aluno apreendeu a ser um bom conversador na sala de aula.