A adoção é um tema de complexa abordagem. Não sendo possível ser pensado em termos universais e padronizado, mas deve ser contextualizado e específico em cada caso. As pessoas são diferentes e suas formas de se relacionar também, e um caso dito bem sucedido de adoção, onde pode ser constituído laços de afeto, amor e filiação, também se relacionam com a especificidade do caso, dos sujeitos envolvidos e seu contexto. Não podemos então citar um caso e sua experiência positiva ou negativa e assim torná-la universal.
O ato de adotar
A adoção pode ser vista como um processo que é desencadeado a partir do encontro entre adotado e adotante, que no caso da criança adquire papel crucial, já que é a partir desse encontro que vai se constituir enquanto sujeito e se tornará um adulto. Apesar dos casos de adoção, como instrumento legal, sejam permeados por questões minimamente comuns, a maneira como cada um, adulto, criança ou adolescente, vivencia esta forma de filiação é particularmente singular.
A adoção possui especificidades já que se refere a um procedimento jurídico que atesta e possibilita um vínculo de filiação entre adultos e crianças que não é o de sangue. Procedimento este, fixado em lei e que envolve etapas, regras e decisões a serem cumpridas e respeitadas. Assim, as especificidades do processo de adoção exercem efeitos em seus participantes.
Alvo de sensacionalismo
Normalmente, quando surge o assunto da adoção, tem sempre alguém para contar uma história triste, para dizer que a criança que um dia foi abandonada é predestinada a ser uma pessoa ruim e que trará problemas, que são pessoas que sempre vão se sentir rejeitadas e terão questões mal elaboradas e etc. Quando buscamos subsídios teórico-conceituais, podemos encontrar parte do material enfocando o tema por um prisma universalizante com formulações limitadas e preconceituosas. Mais especificamente, atribuindo toda sorte de sintomas e dificuldades de crianças e adolescente a questão da adoção.
Tomamos conhecimento de casos de adoção a partir dos meios sociais e através da mídia, porém, em sua grande maioria, estes se referem a adoções malsucedidas ou caracterizadas por problemas, dificuldades e sensacionalismo. Dificilmente vemos reportagens sobre histórias de adoção bem sucedidas ou de cunho informativo e não sensacionalista.
Alvo de mitos e preconceitos
A adoção é alvo de mitos e preconceitos. É comum as pessoas acharem que crianças adotivas podem ser potencialmente perigosas, em virtude da sua família de origem ou história pregressa. Porém, o que muitos autores afirmam e também podemos ver na prática, em vários casos de adoção, é que é sim possível a construção de afeto e novas possibilidades de história de vida a partir da adoção.
Histórias de reconstrução, de renovo, de esperança. Pois existem muitos casos de muito amor e sucesso, que podem ser vistos e confirmados também em casos de adoção tardia. Onde podemos ver laços de afeto e filiação, onde crianças não viram adultos malvados e revoltados e onde vidas são perpetuamente transformadas.