Saúde Mental

Conheça a teoria de grupo na visão de Bion

Por Rafaela Monteiro 11/11/2013

grupos

Bion foi um psicanalista britânico, pioneiro em dinâmica de grupo. Bion foi psiquiatra no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando em maneiras de melhorar a seleção dos oficiais e tratando vítimas. De seu trabalho com o exército, reteve um foco em indivíduos e em grupos.

Trabalha com três principais conceitos que chama de hipóteses de base na sua teoria. Dividindo-o  em “fases”, fala como essas fases se dão e como o grupo se relaciona. São elas:

  • Dependência – desejo de proteção/monitor comanda e coordena
  • Luta e fuga – relação percebida como perigosa/agressão ao monitor
  • Empareamento – divisões no grupo/motivação e esperança

 

Seu trabalho é calcado na fusão de seu conhecimento psicanalítico com influência de Kurt Lewin. Trabalhou também na readaptação de prisioneiros de guerra.

 

Estrutura e formação

Para Bion o grupo de trabalho se estrutura de forma inconsciente, de acordo com as hipóteses de base. Estas são vivenciadas pelo mesmo de maneira oscilante e a influência do monitor também contribui para essa experiência.

O líder ou monitor é uma “emanação” do grupo. Responsável também pela movimentação deste entre as hipóteses de base (mais ou menos como estágios, mas não possuem exatamente ordem crescente ou decrescente restrita) e é peça fundamental para a existência do mesmo.

grupo

Na dependência o monitor tem basicamente a função de dar vida ao grupo, visto que este espera tudo do monitor, depende de sua “presença” para existir. Na luta e fuga ocorre o “Édipo” do grupo em relação ao monitor, onde o mesmo quer se libertar (ter autonomia) e tem no monitor a figura do pai que precisa morrer.

No empareamento este subdivide-se e por receio de não ter mais o monitor, de o perder, se aproximam do mesmo emocionalmente, criando vínculo que reforçam a coesão do grupo contribuindo para sua existência. Há também a possibilidade de uma mudança de monitor, devido a questões inconscientes existentes na formação do mesmo.

Durante a fase de luta e fuga, o monitor deve aceitar a posição de oposição dos integrantes do grupo (a revolta) sem dificultar a passagem pela fase, para que não ocorra a sua queda e o grupo não se desfaça. Assim sendo, o grupo chegará a um estado de coesão, onde o monitor será novamente aceito, tendo feito papel de “pai” e “mãe” do grupo (considerando o conceito de Freud de Totem e Tabu e claro, o complexo de Édipo).

 

Conclusão

A visão do autor está exposta de forma simplificada e rápida. Sua teoria abrange um leque bem maior que nesse momento não cabe aprofundar. O mais importante é noção de uma possibilidade no momento de formação e estruturação de grupos, que a meu ver não é um padrão generalizado, mas como citado antes, uma possibilidade.