Clínica Geral

Os transgêneros já existiam na pré-história! Saiba mais!

Por Redação Doutíssima 28/11/2013

Os homens pré-históricos já eram transgêneros. Sim, você leu certo. Enquanto todo mundo continua martelando que o transexualismo é contemporâneo e que o gênero é uma teoria, um estudo etnográfico mostra que, em sociedades antigas, não só as pessoas transexuais já existiam, mas eram plenamente aceitos.

O estudo estabelece também uma ligação nessas sociedades antigas entre a aceitação e a tolerância da transexualidade e o altruísmo e a igualdade entre os gêneros. Publicado na revista Human Nature, este estudo foi dirigido por Doug VanderLaan do Centro de Dependência e da Saúde Mental no Cadaná.

homosapiens

 

O terceiro gênero já tinha sido reconhecido

Os Homo sapiens ancestrais reconheciam o terceiro gênero. Doug VanderLann afirma que “em algumas sociedades, estes indivíduos se identificavam como membros de uma terceira categoria de gênero: eles não são socialmente reconhecidos como homens ou mulheres, mais como uma terceira categoria.”

Neste estudo, os termos “transexual macho” significa um homem que se identificaria à um gênero feminino. Esta terminologia é utilizada neste artigo mesmo se hoje falemos de “homem transgênero” para designar uma pessoa do sexo feminino que se identifica a um gênero masculino. O termo “macho” se refere “à biologia dos indivíduos (por exemplo, seus cromossomos), enquanto à palavra ‘homem’ se refere ao gênero (por exemplo, as roupas que eles usam e a demonstração, ou não, de um comportamento social masculino”, explica VanderLaan.

Dito isto, cabe a reflexão sobre a demora para a aceitação dessa condição. Apenas em 2013 um país da União Europeia reconheceu o terceiro gênero. Ou seja, um gênero indeterminado, nem masculino nem feminino. A partir do 1° de novembro, as pessoas do gênero indeterminado terão, na Alemanha, toda a vida para decidir se desejam modificar a certidão de nascimento.

 

Os “trans” eram, na pré-história, não apenas tolerados, mas também aceitos e valorizados

O que este estudo mostra é surpreendente. Os “machos andrófilos transgêneros” (machos identificados como homens ou como mulheres, atraídos por homens) foram aceitos nas culturas de caçadores-coletores tradicionais. Por quê? Porque apesar da orientação sexual ou da identidade sexual, eles permaneciam indivíduos presentes para apoiar e ajudar suas famílias. Simples assim!

Além disso, investindo nas suas famílias, eles se asseguravam de que a linhagem sobreviveria até as gerações seguintes mesmo se eles não tinham filhos.

Difícil de imaginar tal tolerância, quando vemos o mundo ignorar os direitos dos trans. Enquanto isso, os trans vivem um verdadeiro calvário para chegar a alguma mudança. Em alguns países, a transformação física deve ser feita e verificada por um especialista. Eles devem também, entre outros, passar por testes psiquiátricos para garantir que eles não estão doentes.

 

Sociedades onde homens e mulheres são iguais

Os pesquisadores também quiseram saber se as sociedades nas quais o “andrófilo macho transgênero” é dominante, tendem a um altruísmo para com as pessoas mais próximas.

Para afirmar ou refutar essa ideia, VanderLaan e seus colegas compararam o ambiente sócio-cultura das nossas sociedades contemporâneas transgêneras ao ambiente das sociedades ancestrais de caçadores-coletores. Ao total, entre estas sociedades ancestrais, 46 sociedades transgêneras e 146 não-transgêneras foram examinadas.

Quais comunidades foram mais propícias a serem constituídas de indivíduos transgêneros? Aquelas que promoveram uma igualdade social, espiritual, política, econômica entre os homens e as mulheres. Nestas sociedades, os pesquisadores também constataram uma tolerância de uma aceitação mais forte das relações entre pessoas do mesmo sexo. Era muito raro que os “machos transgêneros” serem discriminados.

A aceitação de pessoas transgêneras surgia de sociedades igualitárias. Sem falar sobre as inúmeras desigualdades que persistem, é importante lembrar que nós vivemos em uma sociedade onde a igualdade de gêneros ainda gera debate.

No entanto, o ponto fraco do estudo é que ele, infelizmente, só aborda os homens. Portanto é difícil saber qual era a situação das mulheres nessas sociedades ancestrais e se também existiam trans nesse caso.