Guia dos Dentes

O dia-a-dia de um dentista de interior

Por Redação Doutíssima 04/12/2013

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Conversando com alguns amigos que seguem carreira como dentistas das forças armadas, pude me recordar de momentos muito difíceis mais extremamente prazerosos que tive, não só para o dentista mas como ser humano. Há um bom tempo atrás tive a oportunidade de trabalhar em um interior bem ao norte chamado Breves, bem como nas cidades carentes ao redor, em uma localização conhecida como marajó. Lá eu pude me desprender de gravatas e jalecos impecáveis e colocar uns sapatos confortáveis e roupas para aguentar o calor. Vamos falar um pouco sobre a vida de um dentista de interior.

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Existem comunidades muito humildes, em estruturas conhecidas como palafitas que são casas suspensas sobre a água por meio de vigas de madeira. Conseguimos chegar nessa comunidade por meio de barcos que passam quase tocando às margens de pequenos braços de rios. Famílias inteiras submetidas à casas de madeira, ausência parcial ou total de saneamento básico ou de água encanada. A mesma água onde as fezes e urina caem, é a água que eles usam para lavar roupa, tomar banho ou mesmo beber.

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Foi um completo choque cultural chegar nessas comunidades e ser recepcionado como o presidente. Pessoas carentes de amor, atenção e condições de saúde. O barco que estávamos era equipado com uma enfermaria, sala de remédios, consultório odontológico com 2 cadeiras mas somente uma funcionando, atendimento médico e de enfermaria bem como palestras educativas de todas as áreas para a população. Dormíamos em pequenas cabines, com pequenos banheiros e eu tinha um companheiro que roncava bastante.

Na odontologia, nossa equipe apresentava palestras educativas diárias e fazia atendimento odontológico da população que em sua maioria se resumia à arrancar dentes, restaurar grandes cavidades ou uma tentativa de escovódromo com as crianças e aplicação de flúor para prevenir ainda mais problemas bucais. De volta à breves possuíamos uma estrutura mais perto do que poderíamos encontrar em uma cidade um pouco maior. Trabalhamos nos hospitais, postos de saúde e com o atendimento à família diretamente em suas casas. Tentamos modificar uma série de possíveis melhorias que infelizmente não tenho mais contato para saber se continuou ou não.

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Temos que agradecer a esses profissionais que não passam somente um tempo no local e sim anos de sua vida na tentativa de sobreviver dando o máximo de si para promover a saúde e remover dor da população. É claro que temos profissionais muito fora do ideal e com conhecimentos extremamente defasados mas eles estão lá e ajudam a população com as armas que tem.