Guia da Corrida

Entorse de tornozelo: atenção com sua corrida

Por Mayara Pinheiro 10/12/2013

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Os pés são instrumentos importantes na corrida e se algo não está bem com eles essa prática esportiva pode ficar prejudicada. Existem lesões que podem ocorrer até mesmo fora da atividade física e se não forem bem tratadas, com certeza atrapalharão a performance na corrida. Um exemplo disso é o entorse de tornozelo.

O que é a entorse do tornozelo ?

A entorse do tornozelo é a lesão ligamentar mais comum em esportistas. Também pode ocorrer durante a atividade de andar, correr ou saltar. Representa 25 % de todas as queixas ortopédicas, ocorrendo uma lesão por dia para cada 10.000 pessoas, isto é, 18.000 entorses por dia ou 750 entorses por hora no Brasil.
O movimento forçado do tornozelo e do pé para dentro, em direção à linha média do corpo, ultrapassando o limite de resistência dos ligamentos, resulta em danos a estas estruturas. Cerca de 90% das lesões ocorrem desta maneira, pela inversão forçada do tornozelo.
A lesão mais comum é a ruptura parcial ou total dos ligamentos e da cápsula articular lateral do tornozelo, o chamado complexo ligamentar lateral.

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O que pode ser lesado em uma entorse do tornozelo ?

O mesmo mecanismo de torção e as forças envolvidas em uma entorse podem produzir uma fratura do tornozelo ou lesões da cartilagem de revestimento da articulação.
O hematoma (sangramento) e edema (inchaço) são comuns depois de qualquer entorse.
Quando ocorre sangramento dentro da articulação (derrame articular), isto pode levar à inflamação crônica dos tecidos moles do tornozelo e é conhecida como sinovite.
Além disso, a lesão da parede interna da cápsula articular pode formar uma cicatriz que permanece no interior da articulação do tornozelo e pode interpor-se entre os ossos, causando dor e sensação de instabilidade.

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 Como funciona as classificações de entorses do tornozelo?

Podemos classificar esses entorses em três diferente graus: Grau 1, Grau 2 e Grau 3

  • Grau 1 ou (Lesão Leve):  Também chamada de distensão. Estiramento e ruptura de algumas fibras internas dos ligamentos. O paciente irá sentir dor e inchaço discreto.
  • Grau 2 (Lesão Moderada): Ruptura parcial dos ligamentos.  O paciente irá sentir dor, hematoma e inchaço.
  • Grau 3 (Lesão Grave): Ruptura completa dos ligamentos. O paciente irá sentir dor intensa, hematoma e grande inchaço.

Tratamento:

  • Entorses Grau 1:  tala gessada ou bota imobilizadora por 1 ou 2 semanas. Repouso, uso de gelo, anti-inflamatórios e elevação do membro acometido para aliviar os sintomas. A fisioterapia vai entrar mais adiante (2ª ou 3ª semana após a lesão).

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  • Entorses Grau 2: muito semelhante ao grau 1 porém o tempo de imobilização deverá ser por até 3 semanas.
  • Entorses Grau 3: o tempo de imobilização pode chegar até 4 semanas. Há a opção de um tratamento cirúrgico nesse grau porém é reservado para casos aonde o paciente é um atleta ou a lesão tenha uma grande instabilidade articular.

Reabilitação com a fisioterapia:

Como já disse acima, a fisioterapia tem um papel importante para realizar a partir da 2ª semana. A função do fisioterapeuta é de que o paciente melhore o movimento do tornozelo, aumente a força e estabilidade dos músculos acometidos e que dê inicio ao treino de marcha.

A partir da 2ª semana o paciente deve começar a realizar movimentos de flexão do pé e dedos e começar um treino de caminhada leve, lembrando que deve apoiar 1º o calcanhar depois o resto do pé.

No final da 2ª e começo da 3ª semana o fisioterapeuta deve dá inicio ao trabalho de estabilização dinâmica e propriocepção e também introduzir caminhadas com tempo maior, subir e descer escadas e não esquecendo de exercícios que fortaleçam a musculatura do tornozelo.

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Por fim o fisioterapeuta deve intensificar o treino de força e de propriocepção. Assim em torno de 6 semanas após o entorse, deve-se esperar 90% de bons resultados e o retorno a um bom nível de função. No entanto, mesmo se passando meses após a lesão existe uma chance de 20% dos pacientes sofrerem com algum desconforto ou leve instabilidade da articulação.
Por isso é importante que o paciente continue fortalecendo esses músculos e que treinem sempre seu equilíbrio para evitar futuras lesões novamente.