Muitos pais procuram a adoção para solucionar dificuldades em relação a não possibilidade de ter filhos. Como se fosse uma última saída para resolver um problema que não pôde ser resolvido de outras formas. Muitos se cadastram para adotar depois de tentativas frustradas de engravidar por métodos naturais e/ou não naturais. As vezes, depois de longas e contínuas tentativas frustradas e até mesmo dolorosas.
O fato é que é necessário orientação e devida elaboração de angústias que esse processo, as vezes longo, pode ter produzido. Pode ser frustrante para algumas pessoas não ter conseguido o filho tão desejado e idealizado por meios naturais. Angústias e frustrações precisam ser digeridas nesses casos, as vezes o luto precisa ser vivido e elaborado, e certo sentimento de incapacidade, por não poder gerar filhos, deve também ser trabalhado. Toda essa elaboração ajuda para que todos os sentimentos vindos desse momento, que pode ter ocorrido na pré adoção, não atrapalhe no processo de adoção e na futura convivência com os filhos adotados.
Mas… O momento certo de adotar existe?
Creio que as pessoas são diferentes e que não existe uma receita pronta pra isso. Porém, devida orientação aos pais adotivos pode ser muito útil e saudável, pois o filho idealizado pode não existir nem de forma biológica e será preciso lidar com o filho real. As frustrações devem ser elaboradas, e várias formas de psicoterapia podem ajudar o casal nesse sentido. Estar consciente das burocracias do processo de adoção, da espera que pode se prolongar, ou da surpresa que uma criança pode causar ao chegar de repente. Tudo isso contribui para que o processo de adoção seja o mais saudável possível para todas as partes. Nem sempre temos o melhor dos mundos, mas podemos amenizar e cuidar de nossas dores e frustrações para que possamos viver melhor. Saber que filhos geram certos “problemas” e surpresas, mesmo quando não vem da adoção, que crianças dão certo trabalho e demandam tempo e atenção, pode ajudar aos pais a lidar com várias questões desse processo relacional entre eles e seus filhos.