Você deve conhecer ou pelo menos ter ouvido falar de alguém que não pode beber leite ou comer algum de seus derivados. A intolerância à lactose é mais comum do que se imagina. Entenda melhor!
Em geral a capacidade de digerirmos a lactose (açúcar do leite) vai desaparecendo à medida que cessa a amamentação. O homem, no entanto, é o único mamífero que continua a ingerir leite após o desmame. Mas não foi sempre assim…
Hoje se sabe que os adultos que podem continuar a tomar leite sem sofrer perturbações intestinais na realidade possuem uma mutação num gene responsável pela enzima que processa a lactose (lactase).
Quando o gado foi domesticado pela primeira vez, há 9000 anos as pessoas começaram a consumir seu leite além da carne. Aqueles que toleravam bem o leite foram favorecidos, afinal, em uma época de escassez de alimento, era uma grande vantagem competitiva poder tomar leite e assim, estas populações fizeram mais descendentes.
Estes grupos então se proliferaram. Que grupos foram estes? Principalmente os caucasianos do centro e norte da Europa (hoje as populações que mais tomam leite) que dominaram boa parte do mundo ocidental posteriormente, transferindo seu padrão alimentar e transformando a ingestão do leite e seus derivados em um traço cultural. Hoje, quase 100% dos suecos e holandeses toleram bem o leite.
No entanto, outras etnias perdem progressivamente a capacidade de digerir a lactose (esquimós, judeus, orientais, indianos, negros). Desta forma, estes grupos não consomem habitualmente leite após o desmame, assim como todos os mamíferos e nossos antepassados distantes.
A Lactose
O “normal” , portanto, seria que todos nós desenvolvêssemos a deficiência da enzima lactase com o tempo, não tolerando o leite na idade adulta. Assim, não seria uma anomalia, mas uma consequência natural de uma diminuição fisiológica da capacidade de digerir a lactose. Quem tolera o leite é que é o ser “mutante”. Assim 65% da população mundial não consegue digerir a lactose. Apesar disto quando ocorrem sintomas intestinais associados à ingestão de leite julga-se que o indivíduo tem um problema…
Estima-se ainda que 99% dos chineses não toleram a lactose e 50% dos brasileiros também não.
Nas crianças hispânicas, asiáticas e negras, 20% tem evidência de intolerância à lactose antes dos 5 anos de idade.
Outro tipo de alteração é a intolerância secundária à lactose que ocorre após uma diarreia aguda. Neste caso, ocorre uma agressão intestinal que diminui a capacidade de digestão da lactose. Em geral este processo é transitório e melhora à medida que ocorre recuperação do intestino.
Existe ainda a intolerância congênita, esta sim é uma doença grave em que o bebê nasce sem a capacidade de digerir a lactose resultando em diarreia intensa desde os primeiros dias de vida. Felizmente, casos como estes são uma raridade.
Para saber se você faz parte dos 50% de brasileiros intolerantes ao açúcar do leite o melhor exame existente hoje é o teste do hidrogênio expirado. Este exame é simples e indolor e consiste em tomar uma quantidade pré-estabelecida de lactose e respirar em um pequeno aparelho em intervalos regulares. Sua interpretação deve ser realizada por um gastroenterologista.
Saiba mais:
Entenda a intolerância à lactose
Como lidar com um bebê com intolerância à lactose
Mito ou verdade: Activia pode ser tomado por quem tem intolerância à lactose?
Cerca de 40% da população brasileira têm intolerância à lactose
Alergia ao leite: entenda porque acontece