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Entenda o comportamento sexual desviante

Por Dr. Amaury Mendes Junior 18/09/2014

Todos os seres humanos nascem com certo grau de pré-disposição erótica, o que é chamado de impulso sexual. O desejo sexual de cada indivíduo é aferida através das relações amorosas com outra pessoa, pois ninguém é considerado hiper ou hipo-apetente por si só. Por isso, os critérios que classificam uma atividade sexual são as questões biopsicossociais.

Assim, os aspectos biológicos dizem respeito à saúde orgânica e ao pleno funcionamento do corpo de forma saudável, para que o indivíduo possa exercer uma atividade sexual prazerosa. Pessoas com doenças crônicas ou em recuperação de algum problema de saúde também têm o desejo sexual afetado.

 

comportamento sexual

Foto: Shutterstock

 

As questões socioculturais refletem as normas inseridas nos hábitos e atitudes sexuais estabelecidas por uma determinada população e em uma determinada época. Atitudes diferentes em relação à maioria das pessoas são consideradas desvios das normas sociais. Porém, podemos esclarecer que a grande maioria dos indivíduos possui, em menor ou maior grau, um comportamento sexual próprio e diferenciado, que não interfere no bem estar da coletividade.

Quanto aos aspectos psicológicos, eles se referem ao sentimento de cada pessoa sobre sua própria atitude sexual e de seu parceiro. Reflete o grau de satisfação com sua postura sexual e a de sua parceria. Isso pode estar relacionado com insatisfação ou estranheza quanto ao seu próprio gênero. Os comportamentos sexuais são mediados por variações fisiológicas flutuantes, compreendidas entre limites para quadros psicopatológicos disfuncionais para maior ou menor desejo sexual.

 

Desvios no comportamento sexual

 

É importante esclarecer que os desvios do comportamento sexual (perversões) são considerados nocivos somente quando impõem sofrimento ao próprio individuo, isto é, quando o ato não valoriza o objeto sexual (o parceiro), servindo única e exclusivamente para aliviar uma angustia.

Ao contrario do que se imagina, um compulsivo sexual não tem prazer no ato em si, pois ele busca em suas relações sexuais um alivio temporário de uma ansiedade sem fim que o direciona de forma aleatória para qualquer prática sexual.

A pedofilia é um delito sexual mais grave ainda, por abusar de menores indefesos. Também o fetichista, que não prescinde de uma determinada parte do corpo ou de certo objeto para se relacionar, causa ao seu objeto sexual a exclusão de qualquer possibilidade de envolvimento amoroso.

Neste caso, a perversão pode ser considerada como um comportamento sexual em que o desejo, a excitação e o prazer dependeriam do próprio comportamento pervertido e não somente da atração e envolvimento amoroso. É considerada uma adicção que acarreta sofrimento a todos os envolvidos nesta situação.

 

O comportamento sexual e a perversão

 

O termo perversão não pode ser aplicado em situaçõesonde ocorram variações de práticas sexuais esporádicasconsentidas entre adulto que não sejam imprescindíveispara o ato sexual ocorrer.

Os parafílicos são marcados pela compulsividade e pelo enfoque ritualístico como forma de driblar o sofrimento psíquico. Geralmente escolhem ocupação ou hobby que lhes permita o contato direto com o estimulo erótico necessário. Frequentemente são abandonados pelos parceiros, que percebem serem apenas atores de papeis rígidos e inflexíveis onde os sentimentos não contam.

As causas geralmente têm origem na historia sexual anteriores, como experiências traumáticas ou abusos emocionais e sexuais sofridos durante a infância. Alguns casos podem ser despertados também em situações estressantes na fase adulta.

Grande parte dos pedófilos sofreu algum tipo de abuso sexual quando criança. A teoria da congruência emocional cita como causa a interrupção do desenvolvimento psicológico do adulto com baixa autoestima e a pouca habilidade pessoal nos relacionamentos heterossexuais em adulto. A prevalência é maior no sexo masculino (90%), provavelmente pelo excesso de testosterona existente no homem que é 30 a 40 vezes maior que no sexo feminino.

Os sintomas encontrados durante o tratamento com o médico sexólogo podem revelar quadros de ansiedade, depressão, labilidade emocional, incidência maior de problemas sexuais, desordens de personalidade e uso de drogas.

O tratamento é mais fácil quando o individuo possui certo equilíbrio emocional e social, além de não estar envolvido necessariamente com interações de ordem física (exibicionismo e voyeurismo). A procura pelo tratamento geralmente ocorre em situações extremas, como em casos de problemas de ordem profissional, jurídica e ou familiar.

As técnicas comportamentais para recondicionamento em processo de análise contínua e medicamentos estabilizadores do humor são indicados como forma de equilibrar e inserir o individuo na sociedade. Porém, o mais importante é ter o apoio da família e o acompanhamento profissional para que não ocorram recidivas que possam desestabilizar os ganhos já adquiridos com o tratamento.

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