Psicologia

Ataque terrorista em Paris: os efeitos psicológicos na população

Por Redação Doutíssima 07/01/2015

Todo ataque terrorista constitui para nós, sociedade democrática, uma verdadeira agressão psicológica e emocional, capaz de gerar profundos traumas na população. Essas ações terroristas, como a que aconteceu na redação do jornal Charlie Hedbo, em Paris, onde 12 pessoas perderam a vida, têm um impacto direto no cotidiano da cidade, que passa a viver sob um clima de insegurança, medo e terror. O ato terrorista em si, ou mesmo a ameaça de um atentado, é suficiente para influenciar profundamente as atividades profissionais, o lazer e o bem-estar das pessoas.

 

 

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Terroristas matam 12 pessoas durante ataque em Paris

 

 

Os efeitos psicológicos de um ataque terrorista 

 

Para a psicóloga e psicanalista Maraisa Abrahão, os efeitos de um ataque terrorista como esse geram uma onda de pânico. “Assim como as autoridades, as pessoas também entram em estado de alerta. Ninguém sai indiferente a esse tipo de violência”. Maraisa Abhahão explica que o que faz com que as pessoas se comportem de um jeito diferente em relação às outras diante de um trauma emocional está ligado à forma com que o sujeito lida com a tragédia, com o adverso. 

 

Segundo a especialista, o mundo inteiro sente os efeitos dessas ações terroristas, mas para o francês a sensação é ainda mais forte. Não devido à proximidade ao ocorrido, mas por ser um país onde as pessoas têm uma percepção de segurança maior e que os índices de violência são baixos em relação a outros países do mundo. Episódios como o 11 de setembro nos Estados Unidos, as guerras no oriente médio e mesmo a violência diária que infelizmente faz parte do cotidiano do brasileiro, criam nas pessoas um certo estado de alerta habitual.  

 

 

Quando a intolerância rompe fronteiras

 

 

terrorismo

A intolerância é um dos principais problemas da atualidade

 

Além de mostrar a fragilidade de um governo, de um país, o ataque terrorista em Paris revela também o quanto todos nós temos nos tornado intolerantes. Vivemos em uma sociedade onde as pessoas não suportam as diferenças, sejam elas religiosas, sexuais, culturais, entre tantas outras. “Quando a gente se sente ameaçado, a gente reage. Temos uma tendência a eliminar aquilo que não conseguimos ter controle”, pondera Maraisa Abrahão.

 

 Em meio à tanta intolerância, a violência passa ser, então, um meio utilizado por um pequeno grupo de pessoas que fazem uma leitura extremista da religião ou de uma idéia, conceito. A mídia em geral dá sempre a impressão de que esse tipo de “religião armada”, e eventualmente violenta, conhecida como “fundamentalista” é um fenômeno puramente islâmico. No entanto, o fundamentalismo é uma manifestação mundial e, dentro de certas religiões, ou mesmo em certos partidos politicos, aparece como a resposta aos problemas de nossa modernidade. Existe fundamentalismo no partido republicano americano, no judaismo, no cristianismo, no budismo… 

 

A forma simplista pela qual o termo terrorismo islâmico aparece nos artigos dos jornais e revistas é responsável por uma falta de compreensão da complexidade do terrorismo e suas causas sócio-políticas. Essa superficialidade na abordagem do assunto deixa implícito que o problema do terrorismo se encontra na religião, particularmente na religião mulçumana.

 

 

O que é fanatismo?

 

 O fanatismo, termo que vem do latin “Fanaticus”, significa “aquilo que pertence a um templo”, fanun. O fanático ocupa um lugar de escravo diante do mestre absoluto, que pode ser uma dinvidade, um líder mundial, uma causa suprema ou uma fé exacerbada. A intolerância e a incapacidade de viver com as pessoas diferentes é a fonte do pensamento fanático.

 

O fanatismo é a extrema intolerância com relação aos que são diferentes. Um evangélico fanático é incapaz de dialogar e de respeitar um católico ou um budista, e vice e versa. Um fanático de direita não vai querer dialogar com um outro fanático de esquerda. Dessa forma, os terroristas mulçumanos são tão fanaticos quanto os fundamentalistas catolicos norte-americanos que atacam as clínicas que praticam o aborto, que perseguem os homosexuais, que proibem o ensino na teoria evolucionista de Darwin. Tão fanáticos quanto os protestantes da Irlanda do Norte que atacam as crianças católicas, ou os fanáticos Bascos que não medem esforços e usam do terrorismo para obter a independência.

 

 

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