Clínica Geral

Febre e dor abdominal marcam a adenite mesentérica. Saiba mais!

Por Redação Doutíssima 07/01/2015

Também chamada de linfadenite, a adenite mesentérica é uma síndrome pouco conhecida no Brasil. Rara e de difícil diagnóstico, apresenta quase os mesmos sintomas da apendicite aguda, fator que conduz a um diagnóstico equivocado em aproximadamente 50% dos casos, conforme estudos especializados.

Mais comum na Europa, seu grupo de risco prioritário são as crianças e adolescentes abaixo dos 16 anos, sobretudo do sexo masculino, sendo quase nulos os registros de ocorrências em adultos.

adenite mesentérica

Doença rara e de difícil diagnóstico tem sintomas parecidos com os da apendicite. Foto: iStock, Getty Images

Adenite mesentérica em gânglios linfáticos

Caracterizada pela inflamação dos gânglios linfáticos, a patologia se confirma quando pelo menos três linfonodos do mesentério localizado no quadrante inferior direito do abdome ultrapassam a dimensão de 5mm, gerando dor, em virtude do inchaço.

Importantes peças do sistema imunológico, os gânglios (ou nódulos linfáticos) estão dispostos em todo o organismo e seu tamanho normal equivale ao de uma ervilha. A alteração desse volume significa ação infecciosa, acarretada em geral pela adenite mesentérica.

Apesar disso, o quadro não é considerado grave, porque pode ocorrer uma reversão espontânea após alguns dias, graças ao combate travado pelas defesas naturais do corpo para expulsar os germes. Nesses casos, o tratamento é dispensado.

Mesmo assim, deve-se consultar um médico, pois a anomalia talvez indique presença de outras enfermidades mais graves, a exemplo do linfoma ou doença inflamatória intestinal.

Evidências da adenite mesentérica

A adenite mesentérica infecta a membrana responsável pela ligação dos intestinos com a parede abdominal. Essa inflamação é responsável pelo principal sintoma da doença, que consiste em dores na barriga e na região conhecida como fossa ilíaca direita.

Também são comuns hipersensibilidade localizada, febre, mal-estar generalizado e, em casos mais raros, vômito, diarreia e náuseas. Pode ainda haver perda de apetite e insônia. Tanto a duração quanto a intensidade dos sinais variam em cada paciente, porém dificilmente a crise se estende por mais de uma quinzena.

Causas

A adenite mesentérica decorre de uma infecção intestinal desencadeada por qualquer patógeno (germes) que se aloje nos linfonodos, tanto de origem bacteriana quanto viral. Em especial, está associada às bactérias Yersinia enterocolitica e Y. Pseudotubercolosis, além da Mycobacterium tuberculosis, da Salmonella sp. e da S. Typhi.

Quando se trata de vírus, geralmente são encontrados influenza, adenovírus, coxsackie B e até o agente da imunodeficiência humana (HIV), muitas vezes surpreendendo o paciente que já portava AIDS e até então não sabia.

Detecção

Como a adenite mesentérica é similar à apendicite aguda em termos de sintomas, é difícil diagnosticá-la corretamente apenas com um exame clínico. Além disso, os gânglios localizam-se a uma profundidade interna considerável, circunstância que impede exame visual ou de toque e exige laudos complementares.

Assim, após a exclusão de outras patologias possíveis, o médico deve solicitar a análise de leucocitose (aumento no número de glóbulos brancos) e verificar se há presença de polimorfonucleares fecais no sangue. Pode ainda recorrer à ultrassonografia e à tomografia computadorizada, dois elementos importantes para eliminar qualquer dúvida residual.

Outra enfermidade bastante confundida com a adenite mesentérica, por conta das semelhanças, é a gravidez ectópica. Em função disso, recomenda-se que mulheres sintomáticas realizem teste para afastar a hipótese de gestação em fase inicial.

Caso a dúvida persista, faz-se uma laparoscopia, que consiste na introdução de um fino telescópio de fibra ótica no abdome, a fim de obter imagens internas e diagnosticar com precisão eventuais presenças patológicas.

Chances de cura

O tratamento da doença varia conforme seu agente causador. Quando as alterações se devem a bactérias, é comum adotar-se uma combinação entre analgésicos, para afastar os sintomas e antibióticos.

Nos casos ocasionados por vírus a prescrição mais adequada baseia-se em anti-inflamatórios, também em paralelo com medicamentos para combater a dor. Em geral, o quadro é sanado em aproximadamente duas semanas.