Guia do Câncer

Silicone: mais uma morte confirmada

Por Claudia Mercier 26/03/2015

As autoridades de saúde francesas confirmaram, ontem, mais uma morte causada por um câncer ligado à implantes de próteses mamárias. Na França, 19 mulheres já foram diagnosticadas com esse tumor raro. Chamado de “Linfoma Anaplásico de Grandes Células” (AGC-AIM), esse câncer foi encontrado apenas em pessoas com silicone nas mamas. A primeira vitima fatal foi registrada em 2011, em uma mulher que havia feito um implante mamário da marca Poly Implant Prothèse (PIP). O tumor já foi identificado em 173 pacientes no mundo.

 

Em entrevista ao jornal francês Le Parisien, o vice-diretor geral da Agência de Segurança Nacional de Medicamentos (ANSM), François Hébert afirmou que o governo está vigilante sobre o monitoramento desses casos principalmente “porque é a saúde das mulheres que está em jogo”. Segundo ele, “houve uma morte registrada em 2011, dois casos em 2012, quatro em 2013 e onze em 2014″.

 

Um comité de acompanhamento foi criado pelas autoridades de saúde francesas para monitorar o que poderia ser um novo escândalo. Em 2011, o governo francês recomendou que todas as mulheres que tinham implantes mamários da marca PIP se submetessem a uma cirurgia para retirá-las de modo preventido. A agência francesa identificou cinco tipos de óleos utilizados nas próteses que não são recomendados para uso médico.

 

 

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Governo francês confirma morte por câncer raro. Foto: Shutterstock

 

Morte por silicone?

 

De acordo com o médico e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, da regional Minas Gerais, dr. Clécio Lucena, ainda é prematuro estabelecer uma associação entre o câncer e o implante de prótese de silicone. “Tem sido apresentado algumas publicações demonstrando uma ocorrência rara de um tipo específico de câncer que desenvolveu-se em mulheres portadoras de implantes mamários. Entretanto, essa associação não nos permite afirmar que haja uma relação causal, mas sim a necessidade de uma investigação e a busca de evidências de alguma relação entre os dois”, esclarece o médico.

 

O mastologista enfatiza que trata-se de uma situação raríssima, mas que as mulheres devem ficar alertas ao surgimento de alguma anormalidade referente a suas mamas. Elas devem procurar um especialista para fazer exames de diagnóstico. “Não temos um dado específico visto que não há relação de associação entre câncer de mama e os implantes de silicone”, pondera dr. Lucena.

 

 

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O autoexame deve ser feito por mulheres com e sem prótese de silicone. Foto: Shutterstock

 

Prevenção

O médico explica que a realização do autoexame das mamas é idêntico ao realizado para as mulheres com ou sem próteses mamarias. Segundo ele, as mulheres devem estar atentas à ocorrência de nódulos, secreções anormais ou espontâneas, além das anormalidades estruturais como feridas, alterações de forma ou volume das mamas. “Ao contrário de ocultar um nódulo clinicamente evidente, a presença das próteses, por empurrarem a mama anteriormente, pode até favorecer a percepção de alguma anormalidade progressiva”, reintera o mastologista.

 

Na última sexta-feira, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica emitiu nota aos sócios esclarecendo que “informações oficiais do Ministério da Saúde e parecer técnico científico do Instituto Nacional do Câncer, ambos do Governo Francês, esclarecendo que permanecem as orientações de não alarmismo, mantendo-se rotinas médicas de acompanhamento dos pacientes, com exames de imagem da região mamária, de acordo com avaliação profissional”.

 

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