Gestante

Entenda quando a episiotomia é mesmo necessária no parto

Por Redação Doutíssima 04/05/2015

Você sabe o que significa episiotomia? A fim de facilitar a saída do bebê durante o parto normal, os médicos recorrem a esse corte que se faz entre a vagina e o ânus. O procedimento, no Brasil, é feito em 53,5% dos partos, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que ocorra somente em 10% dos casos.

 

Na década de 1970, começaram a ser feitos estudos clínicos para questionar o uso rotineiro desse corte. O procedimento alcançou grande popularidade a partir dos anos 1940 e 1950, quando o parto foi medicalizado e começou a deixar o ambiente doméstico para acontecer nos hospitais.

episiotomia

Corte feito no parto normal pode causar hematoma e dor durante a relação sexual. Foto:iStock, Getty Images

Justificativa para a episiotomia

O argumento e justificativa para a episiotomia eram de que um corte cirúrgico na pele e na musculatura do períneo evitava as roturas ou lacerações irregulares na região ocasionadas pela passagem do bebê no momento do nascimento.

Na época, a realização do corte ia além dos 90% e começou a reduzir lentamente a partir dos anos 1970 e 1980. Mas hoje, já se sabe não apenas da inexistência de provas científicas que comprovem a eficácia desse corte, mas também dos riscos que o procedimento expõe as mulheres.

Entre esses riscos, destacam-se a dor perianal, edema, risco de infecção aumentado, hematoma e dor durante a relação sexual. Enquanto a OMS orienta que a episiotomia seja feita em 10% dos casos, como relatado acima, no Brasil, a técnica é feita rotineiramente.

Os dados de 53,5% do procedimento foram apresentados pela pesquisa Nascer no Brasil, publicada em junho de 2014, e conduzida por Simone Diniz e Alessandra Chacham.

Pela redução dos índices de episiotomia

Mas há exemplos na busca pela redução dos índices desse corte, como no estado de São Paulo. O Hospital Municipal Universitário (HMU), da rede de Saúde da Prefeitura de São Bernardo do Campo, diminuiu o número do procedimento nos últimos cinco anos.

Em 2009, a técnica era feita em cerca de 90% dos partos vaginais na cidade, enquanto em 2011 esse índice caiu para 75,9% e, em 2014, chegou a 32%. A taxa de episiotomia registrada no HMU é inferior à média nacional, de 53,5% O objetivo do hospital é alcançar proporção de 25% até o fim de 2015.

A redução dessa prática no HMU se deve ao trabalho de educação continuada dos médicos e à adesão às práticas de parto humanizado preconizadas pela Rede Cegonha, iniciativa do Ministério da Saúde para garantir assistência de qualidade desde o pré-natal até os dois primeiros anos de vida da criança.

A coordenadora de obstetrícia do HMU Silvana Giovanelli explica que a episiotomia era procedimento realizado rotineiramente em todos os partos. “Acreditava-se que a prática traria benefícios para a mulher, protegendo de lesões no esfíncter anal, no assoalho pélvico e que poderia diminuir a incidência de incontinência urinária na mulher”, exemplifica.

Hoje, o HMU realiza cerca de 350 partos por mês; desses, 59% são partos vaginais – que incluem os normais e a fórceps.

A coordenadora explica que essa é uma tendência mundial, e cita como exemplo o Canadá, que diminuiu essa taxa de 62% para 17%, e os Estados Unidos, que passaram de 60% para 24%. “Nossa meta é 25%, o que é considerado um bom índice. Talvez não consigamos baixar mais, por conta dos partos de alto risco”, diz Silvana.

 

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