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Cientistas alertam sobre os perigos do uso de antibiótico

Por Claudia Mercier 19/05/2015

Pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, descobriram a relação entre o consumo de antibiótico na infância e o surgimento de doenças como obesidade, diabetes e asma na idade adulta.

 

 

Ao alterar a composição de bactérias em nossos intestinos, desde as primeiras fases da vida, os antibióticos são a causa de muitas doenças no decorrer da vida. Esse estudo faz parte da análise do conhecimento atual sobre as relações entre bactérias intestinais, antibióticos e doenças.

 

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O uso de antibiótico deve ser feito somente após prescrição médica. Foto: Shutterstock.

 

Desde 1928, quando o médico e biólogo escocês Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico, a penicilina, ainda não é claro se o medicamento revolucionou a medicina para melhor ou para pior. Paradoxalmente, o medicamento salvou milhões de vidas desde a década de 1940, mas a sua utilização excessiva está agora causando complicações.

 

“Os antibióticos são tão milagroso que eles tiveram um êxito excepcional. O problema é a prescrição demasiada, antes mesmo de saber se a doença é causada por um vírus ou por bactéria”, analisa Antoine Andremont, professor de microbiologia na Universidade Paris Diderot em entrevista para o jornal Le Figaro.

 

A desvantagem do antibiótico

 

A comunidade científica tem descoberto as consequências alarmantes dessas drogas sobre as bactérias que ocupam os nossos intestinos. “Hoje , considera-se que a flora intestinal é um corpo inteiro que tem interações muito complexas com o organismo e que é profundamente alterada por antibióticos”, diz o professor Andremont.

 

 

De fato, os antibióticos erradicaram algumas das nossas bactérias “boas” , o que criou um desequilíbrio na raiz de certas patologias. Mas, além disso eles fizeram com que as bactérias nocivas ficassem mais resistentes tornando-se dominantes. Em crianças, onde as bactérias intestinais são muito sensíveis ao ambiente até à idade de três anos, a ação dos antibióticos continua tendo efeito a longo prazo.

 

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O uso de antibiótico em criança muda o funcionamento da flora intestinal. Foto: Shutterstock.

 

Uso indriscriminado do antibiótico

 

Pesquisadores tentam desenvolver uma combinação para evitar que os antibióticos perturbem a flora intestinal ou impedir o desenvolvimento da resistência em bactérias. No entanto, ainda há inúmeras infecções causadas por bactérias sensíveis que precisam ser tratadas com esses medicamentos.

 

Em 2014 a Organização Mundial de Saúde, OMS, alertou sobre o perigo de resistência bacteriana. A OMS descreve várias estratégias para combater a resistência aos antibióticos. Os consumidores são incentivados a usar antibióticos apenas quando prescritos por um médico, a completar todas as doses de antibióticos prescritos, e a não partilhar medicamento com outras pessoas.

 

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A Organização Mundial da Saúde alerta sobre o uso indiscriminado do antibiótico. Foto: Shutterstock.

 

Resistência mundial

 

No relatório, a OMS alertou para vários problemas mundiais ligados ao uso de antibióticos. Como por exemplo:
– A bactéria Klebsiella pneumoniae (KPC) desenvolveu resistência ao tratamento de último recurso para infeções hospitalares, tais como pneumonia, sepsis, infeções em recém-nascidos e doentes em UTI. Essa resistência é um problema no mundo inteiro.

 

– A resistência às fluoroquinolonas para tratamento de infeções urinárias por E. coli existe em todo o mundo. A resistência era praticamente zero quando esses medicamentos foram introduzidos pela primeira vez na década de 1980, mas são atualmente ineficazes em mais da metade dos doentes.

 

– Mais de 1 milhão de pessoas estão infetadas com gonorreia em todo o mundo. A falência do tratamento de último recurso com antibiótico muito potente foi confirmada na Áustria, Austrália, Canadá, França, Japão, Noruega, Eslovênia, África do Sul, Suécia e Reino Unido.

 

 

A resistência aos antibióticos aumenta a duração das doenças e o risco de morte. Os custos dos cuidados de saúde também são elevados com internamentos mais prolongados e a necessidade de cuidados intensivos.

 

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