Antes descartado após o parto, o sangue do cordão umbilical hoje é uma das principais esperanças para salvar vidas atingidas por doenças como o câncer. É no cordão umbilical que estão presentes as células-tronco, utilizadas para substituir o transplante com células provenientes da medula óssea no tratamento de leucemia, linfoma e patologias imunológicas.
O procedimento é o congelamento desse sangue logo após o nascimento. Essas células são utilizadas na recuperação do sistema imunológico e hematopoiético (que produz as células sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia e à radioterapia, de acordo com o hematologista e diretor técnico da Criogênesis, Nelson Tatsui.
O processo para obter, armazenar e disponibilizar as células do sangue do cordão umbilical é mais simplificado do que o que envolve a doação da medula. Ao coletar a medula óssea de um doador, realizam-se várias punções em um osso chamado de esterno e/ou em outro chamado ilíaco.
Esse procedimento é realizado no centro cirúrgico, sob anestesia. Porém, tem-se um processo mais complexo do que a obtenção do sangue de cordão, que não envolve nenhum método invasivo. Uma vez realizado o transplante, as células se multiplicam no organismo e substituem as células doentes em poucas semanas.
Células-tronco podem ser programadas
Essas células podem se dividir e se transformar em outros tipos, têm a capacidade de autorrenovação e diferenciação em muitas categorias. Elas também podem ser programadas para funções específicas, pois ainda não têm um especialização.
Há três tipos dessas células, as embrionárias e as adultas, encontradas principalmente na medula óssea e no cordão umbilical, provenientes de fontes naturais, e as pluripotentes induzidas, que são aquelas obtidas em laboratório por cientistas em 2007.
Os estudos e pesquisas com esse tipo de células são fundamentais para entender melhor o funcionamento, o crescimento dos organismos e a maneira como os tecidos do corpo humano se mantêm ao longo da vida, ou mesmo o que acontece com o organismo quando é atingido por alguma doença.
Por isso, entidades e organizações dedicam-se incansavelmente a pesquisas com essas células, como o Instituto de Pesquisa com Células-Tronco (IPCT), de Porto Alegre.
As células-tronco são fontes para pesquisadores que estão em busca de ferramentas para modelar doenças, testar remédios e desenvolver terapias que tenham resultados efetivos.
Por terapia celular, entende-se a troca de células doentes por células saudáveis e novas. Essa é uma das possíveis e principais aplicações das células-tronco como instrumento para combater doenças.
Células-tronco e seu potencial distinto
Assim, teoricamente, toda doença na qual houver degeneração de tecidos no corpo humano poderia ser tratada por meio da terapia celular. Nas pesquisas com células-tronco, são usados todos os tipos de células para serem analisadas, pois cada tipo tem um potencial distinto a ser explorado e há situações em que um complementa outro.
O Brasil foi o primeiro país a aderir às pesquisas com esse tipo de célula na América Latina de acordo com a lei 11.105 de 24 de março de 2005, a Lei da Biossegurança.
Outros países como Finlândia, Grécia, Suíça, Holanda, Japão, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Cingapura, China, Rússia, África do Sul, Estados Unidos, México, Reino Unido e Israel também fazem pesquisas nessa área e têm legislação específica sobre o tema.
O assunto ainda gera muita polêmica, principalmente nos campos religiosos, científicos e filosóficos mundo afora. Mas as pesquisas avançam em muitos países e o caminho é um só: o uso dessas células para tratar um número cada vez maior de doenças.
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