Comumente, vemos a perseverança como uma característica pessoal positiva, que nos move para seguir e buscar a resolução de um problema, apesar das dificuldades que poderemos encontrar pelo caminho. A questão é que pode acontecer de, às vezes, essa proatividade ser confundida com teimosia. Até que ponto vale ser perseverante?
Essa característica ainda pode representar a atitude de quem, mesmo “quebrando a cara” em determinadas situações, segue agindo para atingir sua meta ou objetivo. Mas é preciso estar atento para saber identificar a linha tênue entre a perseverança e a teimosia.
Perseverança e não obsessão
De acordo com a psicóloga Gabriela Moraes, a perseverança não deve caracterizar uma pessoa obsessiva. “Pois é necessário que se tenha dedicação para alcançar seu objetivo desejado, e não uma obsessão”, afirma.
A teimosia faz com que o indivíduo seja inflexível a “mudar o rumo”, inflexível a contornar aquilo que esteja lhe prejudicando. Para Gabriela, a disciplina, a capacidade de ouvir e esperar a hora certa, de maneira firme, mesmo que não se possa visualizar o almejado ainda não concretizado, fazem parte do que é chamado de perseverança.
“Pode-se dizer, inclusive, que o perseverante encontra-se num meio termo entre aquele indivíduo que desiste no primeiro obstáculo encontrado e do teimoso, aquele que não desiste nunca”, pondera a psicóloga.
Diante disso, até pode parecer difícil identificar a hora de mudar o caminho que vem sendo seguido e entender que não se trata de perseverança. Mas não é impossível.
Segundo Gabriela, o indivíduo deverá, em determinado momento, rever e analisar seu planejamento em relação a busca de seus objetivos, se está agindo de maneira eficaz, se o seu objetivo está ou não claro e especificado, e verificar o que é realmente necessário para buscar o que está sendo almejado.
Perseverança e olhar crítico
Desta forma, o sujeito deve ser capaz de olhar criticamente o mundo que o cerca, tomando conhecimento dos possíveis riscos e ter certa flexibilidade que lhe permita “mudar de rumo” quando necessário. “Evitando, assim, tornar-se uma pessoa teimosa”, completa Gabriela.
Um dos pontos fundamentais nesse processo de “autovigia”, segundo Gabriela, é manter o foco no objetivo, desejar e, principalmente, estar aberto a mudanças. Isso vai transformar obstáculos em estímulos e motivação.
“É importante perceber que se determinada situação ocorreu inúmeras vezes anteriormente, é possível que venha a acontecer também no presente ou futuro, e ignorar este fator estará se aproximando da teimosia”, comenta a psicóloga.
Assim, o indivíduo deverá analisar seus objetivos, os caminhos que está traçando e os obstáculos que possivelmente encontrará no caminho escolhido.
Quando a obsessão por algo, característico de uma pessoa “teimosa”, pode ser uma forma de mascarar sentimentos de frustração e tristeza, a terapia pode ajudar.
Conforme Gabriela, a partir do momento em que pensamentos distorcidos estão prejudicando a vida, é indicado que se busque uma ajuda profissional, onde a pessoa irá identificar suas distorções cognitivas, reavaliando-as e corrigindo-as, possibilitando que o indivíduo passe a pensar e agir de modo mais realista e funcional.
Dessa forma, a terapia poderá servir como um “gatilho” e vai possibilitar o início de um processo interno de mudança e motivação, que serão necessários para alcançar suas metas.
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