O corpo possui muitas bactérias necessárias em seu trato gastrointestinal. O transplante fecal é uma técnica que usa a transferência das fezes de um doador saudável para o trato gastrointestinal de outra pessoa. Ela é utilizada, principalmente, para tratar uma doença causada por crescimento excessivo de uma bactéria chamada Clostridium difficile quando as terapias convencionais falham.
Transplante fecal trata infecção intestinal grave
Esse tipo de transplante foi documentado pela primeira vez no Século IV na China, sendo conhecida como “sopa amarela”. Além disso, tem sido usado há mais de 100 anos na medicina veterinária.
Em determinadas culturas, é comum o recém-nascido receber uma pequena quantidade de fezes da mãe pela boca para ter boas bactérias no cólon e fortalecer o sistema imunológico.
O objetivo desse transplante é substituir boas bactérias que tenham sido mortas ou suprimidas geralmente pelo uso de antibióticos. Normalmente, elas dão lugar a bactérias que causam especificamente uma infecção intestinal grave, com debilitante diarreia e que, por vezes, pode ser fatal, como a causada pela bactéria Clostridium difficile.
Segundo investigadores do Journal of Clinical Gastroenterology, esse tratamento deve ser considerado como a primeira escolha e não um último recurso nesse tipo de caso.
Um estudo publicado em 2013 no New England Journal of Medicine mostrou que o transplante fecal é mais eficaz do que a vancomicina oral na prevenção de novos episódios em indivíduos que já tiveram o problema de forma recorrente.
Além disso, esse transplante também teve resultados promissores com muitas outras doenças do aparelho digestivo, incluindo síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e colite ulcerosa.
Como funciona o procedimento
O transplante fecal, ou Transplante Microbiota fecal (FMT, sigla em inglês), é um procedimento em que a matéria fecal é colhida de um doador saudável, misturada com uma outra solução salina, e colocada em um paciente – normalmente através de colonoscopia, endoscopia, sigmoidoscopia ou enema.
Para passar por esse tipo de procedimento é preciso identificar um doador em potencial antes de seu transplante fecal. Os doadores não devem ter histórico de uso de drogas ou comportamento sexual de alto risco, distúrbios gastrointestinais graves, como doença inflamatória do intestino, ou então terem sido expostos a antibióticos ou feito tatuagem ou colocação de piercing nos últimos seis meses.
Geralmente esse tratamento requer uma colonoscopia, procedimento que é tão desconfortável quanto caro. Porém, um estudo publicado no Journal of the American Medical Association relata que a mesma taxa de sucesso pode ser alcançada através da transformação de excrementos saudáveis em cápsulas e administração de comprimidos por via oral.
Nesses casos o processo é bastante semelhante, só que ao invés de um líquido uniforme ser bombeado para dentro do paciente, ele acaba sendo concentrado em uma única cápsula. Dessa forma, o tratamento costuma requere apenas duas doses de comprimido.
Vale dizer que esse estudo foi realizado com 20 pacientes e o método foi capaz de trazer a saúde intestinal de volta ao normal para 18 deles – é a mesma taxa de sucesso vista em métodos mais invasivos. Além disso, os pesquisadores também indicam que a técnica é mais barata que o procedimento tradicional – e por isso será capaz de alcançar um maior número de pessoas.
Gostou do artigo? Qual é a sua opinião sobre ele? Venha compartilhar suas experiências e tirar suas dúvidas no Fórum de Discussão Doutíssima! Clique aqui para se cadastrar!