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Congado: conheça a origem da lenda do Chico Rei

Por Redação Fortíssima 04/02/2016

Conga, congo ou congado, três expressões diferentes que fazem referência a uma única manifestação folclórica que, de origem africana, é comum por todo o Brasil, especialmente no estado de Minas Gerais.

Em cidades do interior mineiro, como é o caso de Ouro Preto, o congado aparece na forma de desfile. Nele é reproduzida a coroação do Rei do Congado e as homenagens prestadas a ele. Tudo com muita dança, música e cor.

As bandeiras, levadas em mastros, determinam o tema de cada ano e a procissão se desenvolve mantendo a hierarquia real. Ou seja, o rei em lugar de destaque, com ricas indumentárias, seguido por sua rainha. Só depois é que aparece o resto da corte.

A celebração segue até o fim ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e ganzás – instrumentos típicos da época, mantidos ainda hoje, segundo a tradição determina.

“O congado é o culto, não é música, é uma tradição. É um fazer cultural da época dos escravos, de louvor aos santos, a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia”, explica o mineiro Alfredo Bello, pesquisador dedicado a conhecer a cultura popular de todas as regiões do país.

Chico, o Rei do Congado

Mas, afinal, quem é o chamado Rei do Congo? Segundo a tradição oral mineira – o que significa dizer que não há registro escrito da história -, conta que um escravo, de nome Galanga, chegou a Vila Rica a bordo do navio negreiro Madalena, junto com diversos outros africanos, em 1740.

Antes de ser capturado por portugueses, ele vivia como monarca no Congo, um verdadeiro rei. No trajeto ao Brasil, perdeu a mulher e filha, ambas jogadas ao mar para servirem como oferenda aos deuses. Da sua família, sobrou apenas ele e um filho. 

Em terras tupiniquins, foi comprado pelo Major Augusto de Andrade Góis e começou a trabalhar na mina da Encardideira. Segundo conta a lenda, Chico Rei foi tão fiel ao seu patrão que conseguiu comprar sua alforria e a de seu filho, tudo como fruto do seu trabalho.

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A celebração percorre as ruas de Ouro Preto ainda hoje. Foto: Instagram, Reprodução

Desfechos diferentes

Assim como todas as tradições folclóricas, existem outras versões do desfecho da história de Chico, o Rei do Congado. Alguns dizem que ele e seus seguidores, ao trabalharem na mina, colocavam o ouro em pó em seus cabelos. Depois do trabalho, lavavam os fios e recuperavam o metal.

Com os lucros conseguidos, ele ia comprando aos poucos a liberdade daqueles que haviam chegado em terras brasileiras ao seu lado. Foi assim que Chico Rei teria praticamente refeito sua corte. Logo ele teria casado novamente e também recuperado o prestígio que tinha junto aos escravos.

Segundo conta a tradição, ele teria morrido mais tarde, aos 72 anos, vítima da hepatite. Seu filho, no entanto, seguiu vivo como o Rei do Congado, pronto para assumir a posição que antes era do pai.

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