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Fluido vaginal da mãe reforça sistema imunológico de bebês, diz pesquisa

Por Redação Fortíssima 16/02/2016

A cesariana é uma das cirurgias mais realizadas no mundo. Por praticidade e segurança, cerca de 56% dos partos no Brasil são feitos por meio dela. Mas essa prática pode mudar a partir das descobertas de um novo estudo americano. De acordo com pesquisa da Universidade de Nova York publicada no início de fevereiro, bebês que não entram em contato com o fluido vaginal da mãe no parto normal têm o sistema imunológico menos fortalecido.

O estudo indica que o contato do bebê com os fluidos vaginais da mãe durante o parto educa o sistema imunológico da criança e acostuma a pele, o intestino e outros órgãos com a presença de micro-organismos benéficos à saúde, que protegem o corpo até a vida adulta.

Fluido vaginal

Contato do bebê com a microbiota vaginal da mãe fortalece sistema imunológico do pequeno. Foto: iStock, Getty Images

A importância do fluido vaginal materno

Para chegar à conclusão de que o fluido vaginal da mãe tem influência positiva sobre o desenvolvimento do sistema imunológico das crianças, os cientistas americanos analisaram mais de 1,5 mil amostras de sequenciamento genético. Elas foram retiradas da boca, da pele e do ânus de bebês nascidos por parto normal e cesárea.

O objetivo da equipe foi verificar quais micro-organismos se desenvolveram em cada recém-nascido. Para isso, técnicas estatísticas foram utilizadas para categorizar mais de 6,5 milhões de fragmentos de DNA.

A comparação do material mostrou a presença de lactobacilos e bacteroides, espécies com papel importante na formação de imunidade contra bactérias, nos bebês que tiveram contato com o fluido vaginal – ou microbiota vaginal – da mãe, durante o parto normal.

Já os bebês que não foram expostos aos fluidos vaginais maternos apresentaram uma microbiota mais semelhante à da pele das mães, enquanto os outros continham os mesmos micro-organismos presentes na vagina.

Essa hipótese já era estudada pela comunidade científica antes. Mas a nova pesquisa trouxe uma novidade. Dentre os bebês analisados, havia também um grupo que passou por uma técnica chamada de seeding. Através dela, os cientistas aplicaram uma amostra do fluido vaginal materno sobre as crianças, depois do nascimento por cesárea. A análise do material comprovou a eficácia do método: a microbiota deles ficou semelhante àquela dos partos normais.

Transferência microbial: como funciona?

O seeding, ou transferência microbial, é um método que consiste na aplicação de uma amostra do fluido vaginal materno na criança recém-nascida, após a cesariana. Assim, é feita a transferência da microbiota protetora da mãe para a criança.

Na revista Nature, na qual foi relatado o estudo, os cientistas esclareceram como funciona a técnica. Todo o procedimento começa cerca de uma hora antes do parto, quando uma gaze esterilizada é inserida na vagina da mãe. A intenção é absorver os fluidos vaginais produzidos até perto da hora do nascimento. Depois da cesárea, então, os médicos aplicam o conteúdo na pele e na boca da criança, simulando a exposição que ela receberia na vagina.

Os médicos garantem que, assim, a criança nascida através de cirurgia não é privada dos benefícios do contato com a microbiota da mãe. No estudo, eles reforçaram a importância do aspecto de adaptação também relacionado ao contato com o fluido vaginal: os seres humanos são os únicos mamíferos que interrompem esse processo.

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