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Casos de sífilis congênita triplicam e preocupam autoridades

Por Redação Fortíssima 22/02/2016

Rachaduras, feridas nos órgãos genitais e manchas na pele. Esses são alguns dos sintomas iniciais da sífilis, doença sexualmente transmissível que acomete cerca de 1% da população brasileira, segundo dados oficiais do país. Embora pareça inofensiva, quando contraída por gestantes, pode causar uma condição severa, a sífilis congênita.

Em nota oficial divulgada neste mês,  o Ministério da Saúde traz estatísticas alarmantes sobre o aumento dos casos em gestantes e recém-nascidos. Segundo estimativa, o número de grávidas infectadas em 2008 não chegou a 10 mil, enquanto em 2014 foram apurados ao menos 28.226 diagnósticos. Um aumento percentual médio de 182%.

Sífilis congênita: entenda os perigos

A principal preocupação das autoridades em relação à contração da sífilis em mulheres grávidas é o fato de que a bactéria Treponema pallidum, causadora da doença, pode contaminar o bebê através da placenta

No período de seis anos, o número de registros aumentou de cerca de 5 mil para 16.266, o que representa um salto percentual médio de 225%. As estimativas apontam para uma alta ainda mais expressiva em relação aos casos de sífilis congênita em 2016: aproximadamente 22 mil novos diagnósticos devem ocorrer neste ano.

Perigosa e silenciosa por não apresentar sintomas graves em estágio inicial, a sífilis em gestantes traz consequências severas aos bebês. De acordo com o ginecologista Renato de Oliveira, pode provocar malformações no desenvolvimento da criança, como microcefalia, cegueira e deficiência mental.

Conforme esclarece o especialista, a sífilis congênita pode se manifestar durante a gestação, logo após o nascimento ou nos primeiros dois anos da criança. Na maioria dos casos, os sinais aparecem nos meses iniciais: o bebê pode ter pneumonia, feridas no corpo, dentes deformados, problemas ósseos e surdez ao nascer. Há situações em que a doença é fatal.

A boa notícia é que o diagnóstico pode ser feito através de um exame simples, rápido e de baixo custo, chamado de Venereal Disease Research Laboratory (VDRL), realizado por meio da coleta de sangue. Segundo o ginecologista, todas as gestantes devem fazer o teste durante o primeiro  trimestre de gravidez e também na transição do segundo para o terceiro.

sífilis congênita

Exame pré-natal é fundamental na prevenção da sífilis congênita. Foto: iStock, Getty Images

Falta de medicamento preocupa autoridades

Quando detectada em estágio inicial, a sífilis pode ser tratada com facilidade por meio de antibióticos. Porém, quando a doença está em estágio avançado, o remédio mais eficaz – à base de penicilina cristalina – está em falta no Brasil. O problema do desabastecimento é global, devido à falta da matéria-prima, produzida apenas na China e na Índia.

Diante do quadro, a orientação é que os médicos da rede pública priorizem o uso da penicilina cristalina em gestantes portadoras de sífilis e bebês nascidos com sífilis congênita. Os demais pacientes, portanto, recebem medicamentos alternativos de eficácia mais baixa, como a doxiclina.

Diante do surto de casos da doença, a melhor alternativa é a prevenção. É importante lembrar que ela pode transmitida por meio de relações sexuais, inclusive anais e orais, sem o uso de preservativo, ou por meio de transfusões de sangue. Por isso, a recomendação é usar a camisinha sempre.

Para as mulheres que desejam engravidar, a orientação é fazer o teste antes, para checar se são portadoras da doença. Se você já estiver grávida, é fundamental realizar todos os exames pré-natais, para evitar a condição de sífilis congênita no bebê.

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