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Células-tronco: O que são e para que servem?

Por Dr. Eder Zucconi 07/09/2016

Na atualidade, os avanços da medicina e da ciência vem acontecendo a passos largos e muitas vezes fica difícil de acompanharmos e entendermos em detalhes cada acontecimento. Uma das áreas de grande destaque, e que em breve vai virar rotina para muitas pessoas, é a terapia celular. Quem hoje em dia não sonha em ter uma vida saudável e viver por muitos anos? Pois bem, inevitavelmente nosso corpo está envelhecendo e são as células-tronco encontradas em alguns de nossos tecidos que são capazes de reparar lesões e até curar doenças.

Saiba tudo sobre a importância das células-tronco. (Foto: Istock)

Saiba tudo sobre a importância das células-tronco. (Foto: Istock)

Mas afinal, o que são células-tronco?

Células-tronco são células muito especiais presentes no nosso corpo que tem a capacidade de regenerar e formar novos tecidos. São células indiferenciadas que, sob certos estímulos, podem dar origem a células cardíacas, ósseas, musculares, neuronais, etc. Toda vez que nosso corpo sofre uma lesão, são as células-tronco presentes no nosso organismo que vão reparar este dano. Por este motivo, as células-tronco são a grande promessa para a medicina regenerativa e poderão ser utilizadas no futuro para o tratamento de doenças que atualmente são incuráveis. 

Quais são os tipos de células-tronco?

Hoje em dia é possível obter em laboratório células-tronco embrionárias, adultas e pluripotentes induzidas. As células-tronco embrionárias são aquelas capazes de originar todos os 216 tipos de células do nosso corpo. No entanto, existem muitos entraves éticos para utilizar as mesmas em pesquisas e tratamento de doenças, uma vez que são obtidas de embriões. Sendo assim, os cientistas conseguiram bolar uma estratégia para produzir células tão potentes como as embrionárias reprogramando células de um indivíduo adulto.

A partir de uma célula da nossa pele, chamada de fibroblasto, já é possível hoje fazer uma célula-tronco muito similar à célula-tronco embrionária e esta foi batizada de célula-tronco pluripotente induzida ou do inglês iPS (induced pluripotent stem cell). Por último, as células-tronco adultas são um tipo de fácil obtenção que podem ser coletadas de amostras que inevitavelmente seriam descartadas, como sangue e tecido do cordão umbilical, polpa de dente, gordura de lipoaspiração, sangue menstrual, dentre outras fontes.

As células-tronco adultas, diferentemente das iPS e células-tronco embrionárias, não possuem potencial de formar todos os tecidos do nosso corpo, mas o potencial terapêutico das mesmas ainda é enorme e vem sendo utilizado em diversos testes clínicos, visando tratamento de doenças por serem de fácil obtenção e terem propriedades terapêuticas desejáveis.

O que mais devo saber sobre as células-tronco adultas?

No indivíduo adulto são encontrados dois tipos principais de células-tronco. As células-tronco hematopoéticas, oriundas do sangue, como do cordão umbilical, da medula óssea e periférico. Estas células servem para tratar doenças hematológicas (do sangue), como leucemia, talassemias e anemais, por exemplo. O outro tipo de células-tronco é chamado de mesenquimais e são encontradas em diversos tecidos, como do cordão umbilical, polpa de dente, tecido adiposo, etc. As células-tronco mesenquimais são muito mais potentes que as células-tronco hematopoéticas, pois as mesmas podem originar osso, músculo, cartilagem, gordura, pele, vasos sanguíneos tecidos neurais e até cabelo. Além disso, as células-tronco mesenquimais secretam diversas substâncias com propriedades anti-inflamatórias, anti-fibróticas e anti-oxidantes e são capazes de regular a resposta imunológica e prevenir a morte das células.

Mas quando devo armazenar minhas células-tronco?

As células-tronco, se deixadas no nosso corpo, envelhecem, como qualquer outro tipo de célula do nosso organismo. Com isso, perdem a propriedade de multiplicarem em laboratório e de originar diferentes tecidos. Portanto, o ideal é armazenar células-tronco jovens, ou seja, o quanto antes. Sendo assim, o mais recomendado é coletar na hora do parto, a partir do cordão umbilical.

Para quem perdeu esta oportunidade ainda é possível fazer a partir da polpa de dente, seja durante a troca de dentição da criança ou da extração do dente siso. Outra alternativa interessante é aproveitar para coletar do tecido adiposo, seja durante qualquer cirurgia, parto cesárea ou, até mesmo, em um procedimento estético como uma lipoaspiração. Vale lembrar que as células armazenadas nas empresas especializadas ficam congeladas a -196 oC e, portanto, se preservam na idade em que foram congeladas, ao contrário do que acontece se deixadas no nosso corpo.

 

Por: Dr. Eder Zucconi.