Fertilidade > Gestante > Gravidez e Filhos

Como funciona a fertilização in vitro? Veja 8 perguntas frequentes

Por Francine Costanti 14/10/2019

A fertilização in vitro (FIV) é uma das técnicas mais utilizadas por pessoas com dificuldade de ter filhos. Para responder às dúvidas mais comuns sobre o procedimento, conversamos com Geraldo Caldeira, ginecologista, obstetra e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). A seguir, ele explica como funciona a fertilização in vitro, as técnicas utilizadas e para quem é indicada. 

O que é e como funciona a fertilização in vitro?

A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida que consiste na fecundação do óvulo com o espermatozóide em ambiente laboratorial (in vitro). Em seguida, o embrião é inserido no útero para que ocorra uma gravidez.

“Esses óvulos podem ser fertilizados de duas maneiras, dependendo de cada caso. Na FIV clássica, são colocados cerca de 100 mil espermatozóides ao redor de cada óvulo; na FIV por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), é injetado um único espermatozóide dentro de cada óvulo”, explica Dr. Geraldo.   

Para desenvolver o embrião, podem ser utilizados os óvulos da mulher ou de uma doadora, assim como o espermatozóide pode ser do seu parceiro ou de um doador. Os embriões com qualidade morfológica e que chegam ao 5° dia de desenvolvimento (blastocistos) são transferidos para a cavidade uterina através de uma sonda guiada pelo ultrassom.

Para quem é indicada a FIV?

O procedimento é necessário quando alguns casais apresentam problemas de fertilidade e não conseguem engravidar naturalmente. As causas da infertilidade são diversas e podem ser femininas, masculinas ou devidas à associação de dificuldades dos dois componentes do casal. 

“Atualmente, é estimado que cerca de 30% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, cerca de 30% ao homem, 35% em ambos e 5% são provocados por causas desconhecidas. Vale ressaltar que qualquer casal pode realizar a fertilização in vitro. Podemos usar óvulos e sêmen do casal, banco de óvulos e sêmen, e útero de substituição”, conta ele.

Como é feito o tratamento?

Em resumo, as etapas da fertilização in vitro são cinco: 1) estimulação ovariana por meio de injeções de hormônios na barriga da mulher para estimular a produção de vários óvulos ao mesmo tempo; 2) captação dos óvulos e espermatozoides; 3) fecundação dos óvulos; 4) transferência do(s) embrião(ões) para o útero; 5) teste de gravidez após 12 dias da data de transferência do(s) embrião(ões).

Menstruação na gravidez

Causas da infertilidade podem ser femininas, masculinas ou dificuldades dos dois componentes do casal. Foto: iStock

O estímulo da ovulação dura, em média, 10 dias. Na sequência, realiza-se a coleta dos óvulos e, então, inicia-se o processo de fecundação junto com os espermatozoides. Aguarda-se o desenvolvimento dos embriões por mais 5 dias, até o estágio de blastocisto, quando então são transferidos para o útero da mulher. Depois de 12 dias é solicitado o exame de BETA HCG para confirmar a gravidez.

O casal pode manter relações sexuais durante o tratamento? 

“Pode, mas isso deve ser evitado em alguns períodos. Por exemplo, recomendamos que o homem fique de dois a cinco dias sem ejacular quando estiver próximo ao período da coleta do sêmen, para melhorar a qualidade do material colhido”, orienta o especialista.

Quantos embriões podem ser transferidos para o útero?

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite transferir até quatro embriões, embora o número possa ser menor de acordo com a idade da paciente: para quem tem até 35 anos, o máximo é de dois embriões; entre 36 e 39 anos, até três embriões; e para quem tem 40 anos ou mais o limite é de quatro embriões.  

Fertilização: saiba quais são as principais técnicas utilizadas

Dr Geraldo explica que a tendência atual é transferir até dois embriões para o útero da mulher, mas novos estudos demonstram que, em alguns casos, transferir um único embrião pode ser melhor do que dois. Os resultados têm mostrado que isso tende a melhorar as possibilidades de sucesso no tratamento, diminuindo as chances de aborto, a restrição do crescimento do bebê durante a gestação e a pré-eclâmpsia, doença que eleva a pressão da gestante e pode trazer problemas a ela e ao bebê.

Há algum efeito colateral?

“Durante algumas etapas do tratamento, as mulheres podem sentir um desconforto abdominal. Ganho de peso, dor de cabeça, desconforto abdominal e mudanças de apetite ou humor podem ocorrer, mas são pouco comuns. Efeitos colaterais graves como trombose, sangramentos intensos e infecções também podem acontecer, apesar de serem muito raros”, explica.

E se o processo não funcionar?

Caso o tratamento falhe, o casal pode tentar novamente. Mas o ideal é que a mulher espere dois meses, pois nesse período o corpo pode se recuperar de toda a carga hormonal que recebeu ao tentar engravidar.

Qual é a idade mínima e máxima para a mulher realizar o procedimento?

Segundo o obstetra, não há uma idade mínima estabelecida pelo CFM. No entanto, deve ser obedecida a maioridade da paciente, além do fato de ter vida sexual ativa e indicação para este tipo de tratamento. 

O CFM defende 50 anos como a idade limite para a mulher passar por uma fertilização in vitro, mas a entidade afirma que pacientes com idade maior também podem fazer o tratamento, desde que assumam, junto com o seu médico, os riscos dessa gravidez tardia.

Lembre-se de selecionar um médico experimente e de sua confiança para tirar outras dúvidas e, principalmente, para que o procedimento seja feito da forma correta e sem riscos à sua saúde. 

Estresse interfere na fertilidade da mulher, revela estudo