Saúde Mental

Entenda o olhar antropológico sobre o filme “174”

Por Rafaela Monteiro 07/11/2013

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Quem mora no Rio ou em outras grandes capitais, onde a situação de desigualdade social e violência é exacerbada, de vez em quando se depara com graves situações de conflito que acabam em tragédia.

O ônibus 174 é uma delas. Famosa em todo país. Existe um filme sobre esse evento e o filme “174” nos relata a história de vida de um personagem que até então foi colocado para nós, através da mídia, como um bandido cuja única solução seria seu extermínio.

 

Cenas da vida real

O filme, ao mostrar o que Sandro tinha passado durante sua vida, relata que desde pequeno ele foi rodeado por episódios de violência, tendo na infância a mãe assassinada a facadas. Podemos dizer que esse filme teve um enfoque antropológico na medida em que analisou o ser humano e não apenas o bandido, como o reduziram para denominá-lo.

Ao pesquisar o modo de vida, os lugares por onde passou, como era visto pelos amigos, pelos familiares, não se prende apenas ao fato acontecido e se propõe a ter uma visão e escuta flexível para que o discurso seja diferente do de sempre: é um menino pobre e preguiçoso que resolveu ganhar a vida de maneira fácil, assaltando.

É essa fuga do discurso pré-definido através das falas livres de pessoas próximas que dá ao filme um certo olhar antropológico, na medida em que permite outro olhar que não seja de recriminação. Os depoimentos de todas as partes envolvidas, policiais, conhecidos e vítimas deixam também outra característica da antropologia que é a tentativa de neutralidade, cabendo ao expectador tirar suas próprias conclusões. Cabe ao profissional mostrar como funciona determinada sociedade ou cultura, nesse caso, contar a história do principal personagem deste acontecimento.

 

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A ideia

Questionou-se o modo como ele foi tratado pelas instituições que passou, que o Estado diz ser de regeneração, e se isto pode ter influenciado suas atitudes. Assim como se a função atribuída a tais instituições foi realizada para se chegar ao objetivo de dar nova oportunidade para esses cidadãos ao invés de aumentar sua revolta.

Mostra que essa discrepância entre a forma de atuação e objetivo é uma maneira de fazer o público pensar se essas classes marginalizadas podem enxergar um futuro diferente se não lhe são oferecidos meios para isso.
O foco em questões sociais de nossa sociedade atual, como por exemplo a violência, pobreza e falta de perspectiva dos menos favorecidos, chama a atenção para essa classe que é colocada de lado por nossa sociedade, ou seja, chama a atenção para a pobreza e desigualdade social que fazem parte da sociedade e que produz assim seus “sintomas”, dentre eles, tragédias e violência.