Lidar com os sintomas da depressão é um desgaste, não só para quem sofre com a doença, como também para quem convive com a pessoa. Afinal, alterações comportamentais, como picos de agressividade, humor inconstante, desinteresse sexual, desânimo para atividades de lazer e baixa autoestima fazem parte da rotina do depressivo. Com tudo isso, ajudar alguém com depressão e, ao mesmo tempo, não deixar com que o relacionamento seja afetado, é uma missão que exige cuidado, paciência e dedicação.
Como o parceiro pode ajudar alguém com depressão?
Segundo o doutor em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Joel Rennó Jr., a depressão é uma doença ainda cercada de muito preconceito. Isso faz com que sejam dificultadas as discussões sobre ela e, até mesmo, impede que muitas pessoas peçam ajuda. “Trata-se de uma doença que traz um estigma para os pacientes, que muitas vezes não são compreendidos nem mesmo pela família.
Somente com informação de qualidade é que os familiares poderão entender que se trata de uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que apresenta vários aspectos biológicos e não tem nada a ver com preguiça, falta de força de vontade ou fé”, explica o médico.
Para o especialista, a participação do parceiro durante o tratamento é fundamental, fazendo com ele seja um elo entre o médico e o paciente. “Sem dúvida, a luta contra a desistência do tratamento é muito mais leve quando o companheiro do paciente trabalha em conjunto com o médico, especialmente nos casos graves de depressão”, ressalta Rennó Jr.
Confira algumas atitudes que o cônjuge pode adotar durante o tratamento do parceiro que sofre de depressão:
• Responsabilizar-se por lembrar o paciente de tomar a medicação prescrita pelo médico.
• Assumir temporariamente algumas das tarefas domésticas.
• Se oferecer para acompanhar durante as sessões de psicoterapia.
• Estimular uma boa alimentação
• Incentivar o parceiro a exercitar-se, podendo acompanhá-lo em alguma atividade.
• Ajudar a estabelecer um bom padrão de sono.
A depressão e a perda de libido
Além de uma possível perda do interesse sexual, há um receio por parte dos pacientes que os medicamentos utilizados no tratamento da depressão tenham impactos negativos sobre a libido.
Segundo o Dr. Rennó Jr., é preciso considerar que cada pessoa tem sintomas específicos da doença, assim como casa uma reage de forma particular aos antidepressivos. “As pessoas chegam ao consultório com uma ideia distorcida sobre os efeitos colaterais dos medicamentos. Hoje, há medicações que já não exercem impacto significativo sobre o peso do paciente nem sobre o desejo sexual”, esclarece Rennó Jr., lembrando que outros fatores, físicos e psicológicos, podem interferir na libido, como alterações hormonais, algumas doenças e a qualidade da relação conjugal e da vida sexual no período anterior à depressão.
Preocupações com a própria aparência também podem ter impacto direto sobre a vida sexual do casal. Essa valorização da autoestima por parte do parceiro, é outra missão essencial para tornar esse processo de tratamento da doença mais leve e colaborar para a aproximação do casal.
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