A busca no Google por expressões relacionadas à briga na família teve um aumento significativo durante o período de eleições presidenciais em 2018. É fácil entender por que as pessoas estavam preocupadas em pesquisar sobre isso na internet: a polarização política em que vive o país tem provocado muitos conflitos na sociedade como um todo, e o ambiente familiar não é uma exceção.
Depois, na semana do Natal, os números da busca voltaram a crescer. Isso não é uma surpresa, já que épocas festivas podem reunir familiares com opiniões e temperamentos muito diferentes – e esses são ingredientes básicos para conflitos.
Apesar de ser algo comum, ter de lidar com briga na família pode ser bastante prejudicial para a sua saúde emocional e psicológica. Por isso, o Fortíssima conversou com o Dr. Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento, para pegar dicas de como você pode ajudar a levantar a bandeira branca em casa.
1 – Aprenda a lidar com a divergência de opiniões
Essa é uma das maiores causadoras de brigas familiares, especialmente quando um dos lados (ou os dois) age como se somente a sua forma de pensar fosse correta. Por isso, vale fazer uma autoanálise e se perguntar: “será que eu estou me comportando como se me achasse a dona da razão? Se sim, o que posso fazer para mudar isso?”.
Lembre-se de que as pessoas tendem a ficar reativas quando são tratadas com arrogância. Se agir assim, em vez de ajudá-las a entender seu ponto de vista, você só fará com que se recusem a ouvir suas ideias.
Em vez disso, “quando constatar que alguém pensa diferente de você, tente entender as razões antes de discordar e começar uma discussão. Conversar com calma e respeito é sempre mais saudável”, aconselha Yuri.
2 – Entenda que as pessoas têm personalidades diferentes
Outra coisa fundamental para evitar brigas é aprender a respeitar a personalidade de cada um dos seus familiares e demonstrar isso com suas atitudes. Isso nem sempre é fácil: na verdade, pode exigir tempo e esforço. Mas o resultado final irá valer a pena!
“Naturalmente, se você respeitar o jeito de ser de outras pessoas, elas também tenderão a respeitar o seu. Claro que existem casos e casos, mas tente sempre fazer o seu melhor independentemente do outro”, ressalta o psicólogo.
3 – Considere os malefícios de brigas constantes
Brigas podem afastar familiares próximos permanentemente, e muitas vezes isso acontece por motivos fúteis. “Isso afeta bastante o lado psicológico dos familiares, principalmente se na casa existem crianças, que ainda não entendem as desavenças e guardam tudo na memória”, explica o especialista.
Isso não quer dizer que você necessariamente deva fugir das discussões – antes, pondere se o assunto é relevante o suficiente e tente encontrar – e resolver – a raiz do problema.
“É comum que o maior problema esteja ligado à falta de maturidade para resolver os conflitos e chegar a um ponto em comum. Mas é preciso levar em conta que brigar constantemente aumenta a insatisfação no ambiente familiar, além de não levar a solução alguma”, complementa.
Conceito de família: entenda a polêmica a respeito da nova lei
4 – Evite polêmicas
A gente sabe que não é fácil manter a calma diante de discussões sobre temas polêmicos. Por isso, a melhor tática é evitá-las.
Não traga esse tipo de assunto para a conversa se estiver com familiares que você sabe (ou acredita) que pensam diferente. Se outra pessoa trouxer a polêmica, esforce-se para mudar o foco e introduzir outro tema. Jamais alimente possíveis desavenças.
O psicólogo aconselha encerrar o assunto com frases educadas e claras, como “Por favor, não vamos discutir isso no almoço em família” ou “Não quero falar sobre isso”. Se a pessoa insistir e for possível, simplesmente vá para outro lugar.
Outro truque nesses casos é iniciar uma conversa paralela sobre algum tema mais leve com outras pessoas (especialmente aquelas que poderiam se envolver na briga) para desviar seu foco da discussão.
Como fazer a reaproximação com os familiares
Reaproximar-se de alguém que te magoou ou que foi magoado por você pode não ser das tarefas mais fáceis, mas é preciso dar o primeiro passo.
Yuri aconselha retomar o contato de uma maneira leve: fazendo uma ligação ou mandando uma mensagem simplesmente para saber como está a pessoa. “Inicie a conversa! Sempre temos esse grande medo de tentar falar com pessoas que estão distantes, mas muitas vezes são barreiras imaginárias que colocamos para nós mesmos. Então quebre essa barreira! Não há nenhum problema em tentar se comunicar, pedir desculpas, se conectar novamente. É um ato nobre que lhe fará bem!”, completa.
Lembre-se: a boa relação entre familiares é um dos bens mais preciosos da vida e precisa ser cultivada todos os dias.