Oxycontin. Vicodin. Percocet. Opiáceos como esses podem tornar a agonia da cirurgia ou câncer mais suportável. Mas analgésicos potentes oferecem sérios riscos— especificamente a dependência e até mesmo a morte.
É por isso que os especialistas em saúde vêm alertando reiteradamente contra o seu uso excessivo, especialmente para aqueles com queixas menos graves. Mas um novo relatório levanta questões sobre se as pessoas estão ouvindo.
Os resultados: Os pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center em Boston analisaram os registros de mais de um milhão de pacientes hospitalizados por outros motivos que não cirurgias, e constataram que mais da metade receberam algum tipo de analgésico opiáceo, como a codeína, morfina, ou oxicodona. Destes, um quarto recebeu o equivalente a 100 miligramas de morfina em algum momento — o suficiente para representar risco de overdose, afirma o autor do estudo Shoshana Herzig, MD e MPH.
O estudo não conseguiu avaliar exatamente se todas essas doses foram necessárias. No entanto, a taxa elevada sugere que pelo menos algumas delas não eram.
Por que estamos tão drogados
Os médicos têm boas razões para receitar estas doses. As organizações médicas nacionais os instruíram a tratar a dor como um sinal vital, como a pressão arterial ou frequência cardíaca, afirma o Dr. Herzig. E nenhum médico quer ser repreendido como alguém que ignora o sofrimento, afirma Kenneth Candido, MD e anestesista no Advocate Illinois Masonic Medical Center em Chicago.
Você também desempenha um papel. Nenhum estetoscópio ou laboratório de teste pode medir a dor, portanto, os médicos normalmente pedem-lhe para relatar seus níveis de desconforto em uma escala de 1 a 10. Muitas pessoas têm dificuldade para atribuir um número à sua agonia — cada um vivencia a dor de uma forma diferente e alguns a toleram melhor do que outros, explica o Dr. Candido. Na maioria das vezes, os pacientes exageram sua dor — às vezes propositalmente para obter os efeitos entorpecentes e psicotrópicos dessas drogas, afirma o Dr. Candido.
Doses elevadas também podem fazer os doentes não relatarem a seus médicos sobre a prescrição ou drogas ilegais que estão tomando em casa, diz ele. E se o seu médico não sabe o que você está colocando na sua corrente sanguínea, ele está mais propenso a escrever um relatório. Mas você deve informar o seu médico sobre seus hábitos em casa: Drogas como Valium, ou mesmo o consumo excessivo de álcool, podem interagir perigosamente com narcóticos, ou torná-lo resistente aos seus efeitos analgésicos.
Saiba disto: Se a sua dor é tão intensa que você não consegue tolerá-la — e drogas ou técnicas mais leves não ajudam — os opióides podem ser a sua melhor escolha. Mas, muitas vezes, esse não é o caso. Proteja a sua própria saúde com estas sugestões:
- Pergunte se o seu hospital emprega médicos da dor. Esses médicos recebem treinamento especial no uso correto de narcóticos e oferecimento de alternativas para aliviar a dor, incluindo bloqueios nervosos e técnicas de distração. “Nem todo médico possui essas ferramentas em seu arsenal”, afirma o Dr. Candido.
- Alguns médicos assumem que uma vez que você está no hospital, a dor é grave, diz o Dr. Herzig. Mas em muitos casos, o bom e velho ibuprofeno pode realmente funcionar melhor, pois ele trata o inchaço e inflamação. Pergunte se há outras opções — pois assim você vai tirar o seu médico do piloto automático.
- Cerca de um quarto de todos os pacientes do estudo receberam uma dose de opiáceos no dia em que deixaram o hospital, sugerindo que podem ter saído com uma receita médica, diz o Dr. Herzig. Antes de preencher um relatório, certifique-se de que o seu médico o passou pelo banco de dados de monitoramento do Estado. Isso reduzirá as doses altas demais.