Saúde Mental

Saiba o que é psicofobia e como lidar com o problema

Por Redação Doutíssima 22/01/2015

Em 2012, o humorista Chico Anysio gravou um depoimento. Depressivo, ele sofreu preconceito por sua condição e solicitou ao presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que deu um nome à repulsa que as pessoas sentiam contra quem tinha algum problema mental. Assim, surgiu o termo psicofobia.

 

A doença é atribuída a atitudes preconceituosas e a discriminação contra quem apresenta transtornos ou deficiência mental.

 

psicofobia

Qualquer pessoa pode sofrer de psicofobia sem sequer saber o que é essa condição. Foto: iStock, Getty Images

Ainda em 2012, o Congresso Nacional fez a proposta de uma emenda para o novo projeto de lei que reforma o Código Penal Brasileiro, a fim de tornar a psicofobia um crime.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 12% da população do país precisa de atendimento para tratar da saúde mental. São pacientes com esquizofrenia, bipolaridade, dislexia, autismo, ansiedade, transtornos alimentares e síndrome de Down, entre outros transtornos que sofrem diariamente com o preconceito.

A psicofobia e o medo de ser rotulado

 

Pacientes que sofrem com algum tipo de doença mental têm sua autoestima ferida devido ao preconceito. A psicofobia vem para nomear esse essa discriminação. Muitas pessoas não recorrem aos médicos para tratar de seus transtornos com medo de serem encaminhadas ao psiquiatra e receberem um diagnóstico.

No Brasil, 58% dos casos de esquizofrenia não recebem tratamento porque, em geral, os doentes não procuram emprego ou vão atrás da assistência necessária. Os próprios médicos tem receio de encaminhar seus pacientes ao especialista para não ofendê-los.

São as notícias sobre doentes mentais criminosos que perpetuam um estereótipo de que todos são violentos. Massacres, chacinas, psicopatia e vários outros casos hediondos que são apresentados na mídia representam apenas uma parcela mínima das pessoas com problemas da mente.

São 93% dos doentes que não apresentam comportamento perigoso e violência. Porém, o estigma da doença permanece tanto para o paciente quanto para a família, que passa a sofrer com a psicofobia.

Como combater a psicofobia?

 

São diversas as formas pelas quais o preconceito é disseminado. Mesmo “sem querer”, as pessoas atribuem doenças mentais para adjetivar elementos comuns no dia a dia. Filmes, espetáculos, músicas e até mesmo o clima são caracterizados como “esquizofrênicos”.

Artistas que mudam de personagens, gente que muda de opinião, trocas de roupa em shows são designados “bipolares”. Qualquer sinal de tristeza, silêncio ou calmaria são taxadas de “depressivo”. E assim se propaga a psicofobia, quase que de forma inconsciente.

Atribuir um significado ruim a situações comuns, através do uso da nomenclatura de doenças mentais, é uma das formas mais simples do preconceito. É desrespeito à verdadeira condição dos pacientes, que sofrem diariamente com os transtornos e precisam lidar com a atribuição negativa de seus problemas pelas pessoas e pela mídia.

Porém, o combate eficiente contra esse tipo de preconceito somente poderá ser enfrentado com eficiência se houver a luta política, reconhecimento da causa, investimento financeiro para campanhas, incentivo à consulta psiquiátrica e disposição.

O começo se faz pensando em como as palavras estão sendo usadas, porém o estigma somente será erradicado se houver respeito, o que demanda um longo processo de aceitação de que atitudes psicofóbicas são preconceituosas.

 

 

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