O estereótipo do velhinho surdo, desmemoriado e que anda de bengala provavelmente irá cair por terra nas próximas décadas. De acordo com dois professores da London Business School, na Inglaterra, escolhas inteligentes poderão proporcionar uma vida longa e saudável no futuro.
Lynda Gratton e Andrew Scott são autores do livro “The 100-Year Life – Living and Working in Age of Longevity” (“Cem Anos de Vida – Vivendo e Trabalhando na era da Longevidade”). Na obra, eles defendem que é possível viver por mais tempo com conforto e sem depender de ninguém. Frequentar universidades, se exercitar com frequência e dividir moradia com amigos pode fazer parte da rotina dos idosos no futuro.
Hoje, quando o indivíduo se aposenta e atinge uma idade avançada, acredita-se que seu único objetivo seja cuidar da saúde e descansar. Viagens e passeios também fazem parte da rotina do idoso, mas sempre em condições específicas. No futuro, a realidade será outra. Assim como os jovens, os mais velhos estarão dispostos a perseguir novos objetivos e sonhos. Ter propósito na vida é justamente o tempero que falta para envelhecer com saúde e prosperidade.
Projeto de vida longa
De acordo com os professores, as pessoas mais longevas do mundo têm algumas características em comum. Elas integram grupos – geralmente religiosos – que adotam bons hábitos e têm válvulas de escape que ajudam a desestressar, como um hobby ou uma prática esportiva.
Além disso, participam ativamente de causas sociais, são engajados e estão inseridos no mercado de trabalho. Continuam adquirindo novos conhecimentos e competências até o fim da vida, vivem com segurança e têm bem-estar físico e mental.
Os mais longevos também têm um projeto de vida. Segundo os autores, isso acrescenta nada menos do que sete anos na longevidade. Portanto, esqueça a ideia de chegar aos 80 e vender a casa, doar os móveis e esperar a morte chegar morando de favor com a família.
A vida longa é feita de multiestágios
Nós continuamos estruturando os últimos anos de nossas vidas da mesma forma que nossos avós faziam. Mas como a população está vivendo cada vez mais até mais tarde, é preciso encontrar novas formas de encarar a velhice. Para Lynda Gratton e Andrew Scott, a vida no futuro não será mais ditada cronologicamente, e sim por multiestágios.
Isso significa que jovens, adultos e idosos frequentarão os mesmos espaços. Ir para a faculdade não será um privilégio de quem ainda não chegou aos 30. Idosos não serão impedidos de encontrar emprego por causa da idade e as relações familiares serão mais flexíveis. Morar com amigos em diferentes momentos da vida será cada vez mais comum. Integrar e conviver serão características fundamentais da longevidade.
A perspectiva parece boa, mas para chegar lá, muita coisa precisa mudar. A maioria das crianças que vivem em nações ricas já esperam viver mais de 100 anos. Nesses países, novas políticas públicas devem garantir a integração do idoso na sociedade, indo muito além da aposentadoria. Nos países subdesenvolvidos, o cenário ainda é outro. No entanto, mesmo que em ritmos diferentes, o mundo todo está envelhecendo.
Olhar com mais carinho para a velhice é urgente. Você está preparado para viver com qualidade de vida até os 100 anos de idade?