Mais da metade das mulheres que estão em idade fértil na cidade de São Paulo já tomou a pílula do dia seguinte, segundo uma pesquisa recém-divulgada pelo Instituto de Saúde (órgão ligado ao governo do Estado de São Paulo) em parceria com o Núcleo de Estudos em População da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Ao todo, 3.896 mulheres foram entrevistadas na capital paulista de abril a dezembro de 2015. Dentre aquelas com idade entre 15 e 44 anos que já haviam iniciado a vida sexual, 50,9% haviam tomado a medicação para evitar a gravidez.
Quando usado corretamente, o método é eficaz para evitar uma gravidez indesejada. Em uma relação sexual desprotegida, com a mulher na segunda ou terceira semana do ciclo menstrual, a chance de engravidar gira em torno de 8%. Usando a pílula do dia seguinte, essa taxa cai para cerca de 2%.
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Sempre vale lembrar, no entanto, que ela não protege contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A camisinha, nesses casos, segue sendo indispensável.
Como funciona?
De acordo com a ginecologista e obstetra Marisa Patriarca, professora de pós-graduação da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a pílula não chega a ser considerado uma bomba hormonal. Mas, de fato, funciona devido a uma maior quantidade de hormônios utilizada em um intervalo de tempo muito menor que o de uma pílula anticoncepcional normal. É por isso que acaba causando mais efeitos adversos, como náuseas, vômitos, e irregularidade menstrual.
Contracepção de emergência
Embora funcione, esse tipo de pílula exige cuidados. Marisa Patriarca lembra ao Fortíssima que o próprio nome popular do medicamento sugere uma ideia errada. “De que deve ser tomada somente no dia seguinte ao sexo desprotegido quando, na verdade, precisaria ser o mais rápido possível para aumentar sua eficácia”.
Por conta disso, ao falar sobre o assunto, a especialista prefere fazer uso do termo “contracepção de emergência”. “Reforça a ideia de que se restringe a situações de emergência, evitando utilizá-lo rotineiramente”, diz.
Em que situações é possível usar a pílula do dia seguinte?
A mulher deve recorrer ao método apenas em casos de relações sexuais não protegidas ou que não foram programadas. Aquelas que nenhum dos parceiros fez uso de qualquer método anticoncepcional. “Como quando a camisinha se rompe ou quando a mulher esquece de tomar a pílula normal”, ressalta a médica.
Como não protege contra DSTs, também pode ser necessário consultar um ginecologista para que seja feita a prescrição de outros medicamentos.
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A contracepção de emergência também tem um papel muito importante em casos de violência sexual, quando nenhum método contraceptivo costuma ser utilizado. Após um estupro, a vítima geralmente procura a delegacia para fazer um boletim de ocorrência, sendo encaminhada logo depois para o Instituto Médico Legal, se necessário. Na sequência, recebe medicações contra doenças sexualmente transmissíveis e a pílula do dia seguinte para evitar uma possível gravidez.
Alerta
A pílula do dia seguinte não deve ser usada de forma recorrente nem substituir os métodos contraceptivos convencionais. Marisa Patriarca enfatiza que se trata de uma contracepção de emergência, um método eventual.
Por isso, se você estiver usando muitas vezes, é necessário consultar o seu ginecologista. “Existem métodos muito mais seguros e eficazes para prevenir uma gravidez indesejada” ressalta. Converse com o seu ginecologista e escolha o mais indicado para o seu caso!