Fonte: Folha de São Paulo
Em primeira análise, a área técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) rejeitou a inclusão de 140 substâncias novas aditivas ao cigarro, pedido feito pela indústria no ano passado.
Segundo Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência, os técnicos entenderam que as informações prestadas pela indústria –como quantidades e formas da inclusão, além dos objetivos da adição proposta– eram insuficientes para autorizar o uso das substâncias.
“Eles pediram um conjunto de essências e um conjunto de outras substâncias que, não necessariamente, são aromáticas características. Mas a equipe entende que, muitas vezes, você promove a mistura de substâncias que não são aromáticas, mas geram determinado sabor e odor”, disse Barbano, durante evento na Câmara.
O diretor afirmou que o parecer da área técnica foi encaminhado ao setor do tabaco, no fim de abril, para que as entidades prestem informações mais detalhadas ou contraponham os argumentos da agência.
Barbano disse, no entanto, que é possível que determinados aditivos venham a ser liberados, desde que não mascarem o sabor e o odor característicos do cigarro.
Esse é mais um capítulo da polêmica que se arrasta nos últimos anos. Em 2012, depois de muito debate, a agência proibiu a inclusão de aditivos ao fumo –incluindo os de sabor e odor, além de outros.
A medida só entre em vigor em 2014, mas já é rebatida em ação do setor na Justiça e por meio de um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e pretende suspender a decisão da Anvisa.
Procurada na semana passada, a Abifumo (Associação Brasileira da Indústria do Fumo) afirmou que, ao banir os aditivos do cigarro, a Anvisa “inviabilizou, na prática, a produção de 99% de todos os cigarros tradicionalmente comercializados no país”.
Por outro lado, disse que analisava o parecer técnico elaborado na Anvisa e que só se manifestaria sobre o tema após a decisão final da agência.