O suicídio está cada vez menos conectado com as profissões, e cada vez mais conectado com os níveis sociais. É isto que revela um novo estudo comentado pelo jornalista e pesquisador Christian Jarrett, em seu blog Research Digest.
Durante muito tempo, o risco de cometer suicídio foi favorecido pelas profissões que forneciam acesso direto a armas, drogas e reservatórios de água.
Um estudo britânico realizado pelo Dr. Stephen Roberts mostra que a tendência mudou: causas de suicídios não são mais atribuídas ao trabalho, mas o ambiente social. No início de 1980, dentistas, médicos, farmacêuticos, veterinários e criadores estavam no top 15 de ocupações com os maiores índices de suicídio, de acordo com a teoria de “fácil acesso” às armas, drogas, etc. Mas, ao analisar os dados da década de 2000, nenhuma destas profissões aparecem no novo top 30. Eles foram substituídos pelos ofícios manuais como pedreiros, serventes e garis.
Entre as mudanças mais radicais, encontramos os funcionários de agencias funerárias: +274% de suicídios entre 1980 e 2000. Um fenomeno próprio da Grã-Bretanha. No ano passado, o The Guardian, lamentou as condições de trabalho particularmente ruins na área.
Outra tendência importante, as profissões onde taxas de suicídio diminuíram são em setores que a crise não afetou realmente, como engenharia eletrônica ou de hotelaria.
As condições sócio-econômicas são um fator a ser levado a sério em termos de razões de suicídios. Trabalhadores com pequenos rendimentos tendem a pagar um preço muito alto com o ato do suicídio.
Na França, esta questão tem sido muitas vezes levantada no caso de suicídios em áreas agrícolas. No final de 2009, a BBC reportou uma queda recorde no rendimento dos agricultores. E em abril de 2010, com a manchete: “Um fazendeiro francês comete suicídio a cada dia.” Menos de um ano depois, Le Monde confirmou a estatística pela comparação da taxa de suicídio entre os agricultores e os empresários. No entanto, de acordo com este novo estudo britânico, o número de agricultores suicidas caiu 38,2% na Grã-Bretanha.
Prevenção
O objetivo de tais pesquisas, de acordo com o Dr. Roberts é “ajudar a prevenção do suicídio auxiliando especialmente os grupos sócio-econômicos desfavorecidos”. Na França, a questão já foi levantada. Em 2011, o Libération publicou a iniciativa de criar um observatório de suicídios, mas lamentou a falta de ferramentas para observação (disponível, por exemplo, no Reino Unido) e estudos sobre os fatores agravantes de acordo com as categorias e eventos.
Fonte: slate.fr