O final da vida é um momento muito intenso para quem está à beira de morte e para os familiares. É difícil lidar com todas as emoções envolvidas em uma situação pela qual todos irão passar.
À beira da morte, muitas coisas não ditas, remorsos, arrependimentos e lembranças de momentos vividos podem surgir. Lidar com tudo o que envolve a situação faz parte do adeus.
Como lidar com os arrependimentos
Para a psicóloga e professora da Universidade Feevale Geraldine Alves dos Santos, os familiares devem permitir que a pessoa que está em seu leito de morte tenha a oportunidade de conversar o que quiser e com quem desejar. Deixar de falar ou fazer algo nos últimos momentos de vida pode provocar um grande sofrimento.
A especialista afirma que as oportunidades e desejos no final da vida são muito individuais, já que cada um guarda em seu íntimo diferentes emoções e sensações. “Muitas coisas podem ficar não resolvidas, mas o fato de ter alguém ao lado que ofereça uma escuta compreensiva, um sorriso, um contato físico como segurar a mão e uma palavra de alento pode ser tudo que a pessoa precisa para sentir-se aliviada no fim da vida”, diz.
“É importante entender que cada pessoa tem uma capacidade de resiliência própria e que lidar com o momento da morte é uma construção que se faz ao longo da vida”, explica a psicóloga. Ela diz que existem dois extremos de sentimentos nos momentos finais: que a vida fez sentido, trazendo um momento de paz e a sensação de missão cumprida, ou o desespero. “Deve-se resgatar as memórias das realizações importantes e os pequenos momento de felicidade da trajetória”, instrui.
Sofrimento pode afetar a família
Geraldine afirma que acompanhar uma pessoa amada no processo de morte é muito difícil e que a situação é intensificada pela dor física ou pelo medo de quem está no fim dos dias, e isso pode se transformar em um grande trauma. “Pode-se desenvolver problemas psicológicos como depressão e estresse pós-traumático”, explica.
A psicóloga comenta que, infelizmente, essas situações ocorrem com frequência e que a dificuldade de lidar com a perda pode ser repetitivo. Os familiares têm uma tendência a negar os problemas e a repetir o ciclo vicioso de sofrimento a cada morte.
O momento de despedida é uma situação importante para realizar uma reflexão sobre como vive-se a própria vida. Geraldine diz que costuma-se ter uma visão negativa da trajetória e uma idealização de felicidade em coisas inatingíveis.
A dica da psicóloga para ter maior paz e tranquilidade ao pensar e lidar com a morte é não esquecer das coisas boas que foram vividas com a pessoa que se despede. O vazio da perda causa sofrimento, e se não trabalhado, esse sentimento vai acumulando a cada nova despedida.
O acompanhamento de profissionais e familiares é uma grande ajuda a enxergar a situação por um viés mais positivo. Afinal, a percepção da vida é subjetiva e é um aprendizado que não aparece de uma hora para a outra.
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