De acordo com a Resolução 07/2003 do Conselho Federal de Psicologia, a avaliação psicológica: “é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica.”
A “verdade”
O termo avaliação psicológica carrega um certo peso de “verdade” que poderá ser extraída de um sujeito ou de uma situação por meio de técnicas com as quais os psicólogos foram supostamente treinados para lidar.
Porém, em que consiste uma avaliação psicológica? Ela é destinada a buscar uma verdade? O que se entende por ciência quando se propõe a realização de uma avaliação psicológica?
A própria definição elaborada pelo Conselho Federal de Psicologia nos dá pistas que podem nortear o entendimento das questões levantadas. Trata-se de um processo de coleta de informações através de técnicas específicas, mas que ao mesmo tempo leva em conta os condicionantes históricos e sociais que atravessam não só o ato de avaliar como também os instrumentos utilizados para esta finalidade.
A ciência da psicologia
Se consideramos que a Psicologia para se constituir como ciência necessitou utilizar-se de métodos que garantissem a objetividade, a neutralidade, a delimitação de um objeto de estudo e, consequentemente, técnicas que viabilizassem o estudo desse objeto, teremos uma concepção da Psicologia baseada nos ideais positivistas e tributários da utilização de técnicas das ciências naturais. A partir desse entendimento teríamos a realidade dada, ou a existência de um objeto como um dado do qual podemos nos afastar através da assepsia dos sentimentos e da vontade, garantindo a neutralidade científica e o estudo objetivo desse objeto.
Se, por outro lado, compreendemos que a realidade não é um dado objetivo, ou seja, que ela não existe por si só, mas que se constrói a partir do momento que voltamos nosso olhar para ela, veremos que a garantia de uma suposta neutralidade científica se esvai, especialmente num campo no qual diferenciar-se do objeto de estudo significa diferenciar-se de si mesmo.
Acreditamos assim que o contexto que devemos pensar a questão da avaliação psicológica é o contexto que tem como ponto de apoio a análise dos atravessamentos históricos, políticos, econômicos, sociais e culturais. E também objetivar a possibilidade de realizar uma avaliação que leve em consideração o seres humanos em questão e, com isso, os direitos humanos que lhes cabem.