Saúde Mental

Mitos, rituais e benzeduras: por que os buscamos?

Por Rafaela Monteiro 09/11/2013

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Buscamos entender alguns desses mecanismos psicológicos que permitem que o homem moderno deixe a medicina de lado e acredite efetivamente em um “poder superior” de uma benzedura, um ritual religioso, ou um curador, alguém que tenha acesso a tal poder superior, e que poderá lhe prover o que almeja, seja de âmbito emocional ou material.

 

Mitos e rituais

O mito é uma linguagem, uma forma primitiva que o homem usou para expressar os enigmas fundamentais da vida que não podem ser expressos diretamente pela via consciente.

Na tentativa de se comunicar com os fenômenos da natureza o homem desenvolveu uma série de ritos; entre eles está as benzeduras que são ritos de magia. Através da benzedura e do benzedeiro é possível que sejam estabelecidas simbologias para esses enigmas da vida e do próprio homem, já que este se caracteriza por se tratar de uma espécie simbólica, por depender de suas construções simbólicas.

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A benzedura é um tratamento mágico-religioso assim como a cura xamânica e ao se pensar na benzedura como um recurso utilizado para obter a cura de determinados males, onde se pretende alcançar poderes sobre o que se deseja ou teme ver acontecer, podemos observar que o homem, mesmo diante de toda tecnologia da contemporaneidade, dos avanços da medicina e da ciência em geral continua a buscar a cura através de atos simbólicos, onde os recursos usados são a reza, as ervas e a simbologia do ato em si e onde seus mitos individuais são valorizados.

 

O que faz o homem buscar esses recursos?

Que mecanismos psicológicos podem fazer com que o homem do século XXI deixe a medicina de lado e acredite efetivamente em certo “poder superior” que poderá lhe prover o que se busca, seja a cura de uma doença, ou a solução de um problema financeiro ou sentimental?

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Podemos dizer que muitos contextos sócio-históricos permitem, ou contribuem para a busca por formas não efetivamente concretas de se tratar um mal. E mediante a pobreza ou falta de recursos diversos ou mesmo na presença desses últimos, a questão é que diante de uma cultura onde é influenciado e permitido a fé nos poderes superiores, não materiais, têm-se grande espaço para o homem se apegar de forma real e objetiva ao ato simbólico de uma benzedura ou de qualquer outro ritual, e acreditar nele de tal maneira que até o permita conseguir o que se busca, ou pelo menos, encontrar certo acolhimento para um momento de angústia.