É possível observar que as novas tecnologias têm feito com que as pessoas dediquem cada vez mais tempo ao trabalho. O mundo da tecnologia tem proporcionado novas formas de trabalhar onde a pessoa nem precisa estar presa a um espaço ou horário, por isso, as horas dedicadas ao trabalho tem ficado diluídas na vida do sujeito sem este saber precisar ao certo quanto tempo de sua vida dedica ao trabalho.
Trabalho na sociedade industrial e hoje
Na sociedade industrial, embora o trabalho já tivesse esse valor de troca, o homem não estabelecia uma simbiose tão grande com o mesmo, permanecia oito, dez horas, “apertando parafusos” e quando tocava a sirene, se “desligava” do trabalho e ia se dedicar a outras coisas. Autores afirmam que é sobre o trabalho que continua a desenrolar-se o destino dos atores sociais, e este está no centro da preocupação das pessoas na atualidade.
A cultura do trabalho presente em nossos dias valoriza e legitima a produtividade e o consumo. Poder consumir, ou mais do que isso, estar inserido no mercado de trabalho, traz para o sujeito um sentimento de utilidade e de pertencimento.
Autores na psicologia e sociologia afirmam que o papel profissional, em nossa sociedade, além de ser obrigatório, representa um dos papéis mais valorizados, o sujeito é levado a tomá-lo como fonte de prestígio, de poder e de aceitação. Questiona-se se “será útil viver quando não se é lucrativo ao lucro?” Pois, tudo é organizado, previsto, proibido e suscitado em razão dele, que desta maneira parece inevitável, como que fundido a própria semente da vida, a ponto de não se distinguir dela.
Constituição do sujeito:
É importante analisar que além da importância do trabalho na constituição do sujeito e do valor dado a ele em nossa sociedade, este valor também vai variar de indivíduo para indivíduo, pois há pessoas que durante a vida vão viver considerando o trabalho mais central do que outras, sem buscar outras fontes de engajamento social.
Para alguns indivíduos, por exemplo, o trabalho foi algo que surgiu cedo em suas vidas. Durante a vida foram obrigados a dedicar boa parte do tempo ao trabalho, sobrando pouca disponibilidade e dinheiro para outras fontes de engajamento social. Estas pessoas não têm o hábito do tempo livre, e este é quase sempre encarado como “vagabundagem”. Mesmo os sujeitos de classes sociais mais favorecidas, podem ter encontrado no trabalho fonte de status, respeito e valorização de si.
Nossa relação com o trabalho mudou no mundo da tecnologia. Esse nos invade, se relaciona com nossa identidade e muitas vezes não sabemos limitar seu lugar. Isso faz com que este nos permeie o tempo todo, por tantas horas que não conseguimos nos “desligar” e, assim, estamos constantemente “trabalhando”.