Saúde Mental

O que é o “perfeccionismo” e como ele pode nos afetar?

Por Rafaela Monteiro 20/11/2013

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Nesses dias tenho falado sobre o perdão. E esse assunto é muito mais amplo do que podemos imaginar. E engloba vários aspectos e sentimentos.

Robin Casarjian, em seu livro sobre o perdão, fala que uma maneira de garantir a culpa é exigir constantemente perfeição de si mesmo. E essa exigência pode ser uma grande inimiga, pois mesmo que consigamos alcançar o que queremos, podemos abandonar o prazer de vive-las e sempre haverá alguma coisa que não está de acordo com nossos critérios de perfeição. Com isso, podemos estar sempre nos culpando de algo.

Há uma diferença entre fazer as coisas muito bem porque realmente queremos e ser dirigido por determinado perfeccionismo em nossos afazeres e atitudes.

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O perfeccionista

Para o perfeccionista, a vitalidade e o prazer verdadeiros geralmente estão ausentes, pois a base do seu amor-próprio pode estar em perigo quando as coisas ameaçam não serem tão “perfeitas”. Ele tem sempre que ser perfeito para ser “bom”.

Se sempre esperamos a perfeição, quando experimentamos o lado “imperfeito”, pertinente a natureza humana, ou quando falhamos em nossos projetos pessoais, podemos nos sentir diminuídos. Se não sou perfeito não sou bom o bastante. Tenho que ser perfeito todo o tempo. Podemos não perceber que nosso valor independe do sucesso de nossos projetos, e que a perfeição é algo muito ditante dos seres humanos. Afinal, tem um famoso ditado popular que diz: “errar é humano”. E errar faz parte. Da vida, e do nosso crescimento e aprendizagem. Não tem jeito. Creio que é por isso que o perfeccionista pode sofrer tanto. Exigi-se um nível de perfeição paradoxal a condição humana de ser e estar no mundo.

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O outro lado

Assim, quando sempre achamos que nada está bom ou que sempre podemos  fazer melhor, podemos rejeitar o que realmente somos. Seres imperfeitos. E podemos perder o contato com o potencial de crescimento que, muitas das vezes, nossos erros e limitações nos trazem.

Qualquer circunstância e situação nos oferece a oportunidade de nos descobrir.

O autor antes citado, afirma que o perfeccionismo crônico é auto-abusivo e mantém nosso coração fechado para nós mesmos e rouba a nossa vitalidade. Aqui define vitalidade como algo que determina a qualidade da vida e só pode ser experimentada quando aceitamos as dualidades dentro de nós, dentre elas: perfeição/imperfeição.

Dessa maneira, quando estamos dispostos a só aceitar a perfeição, abafamos nossa vitalidade através da rejeição de uma parte de nós, a imperfeição, que é um elemento integral do todo.