Estudo realizado pela TNS Sofres revela que 74% dos jovens franceses com idade entre 18 e 24 anos dizem ter já sofrido de solidão. Quase a metade deles afirma que isso acontece “frequentemente” ou “às vezes”.
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Que se sentir só é ruim, ninguém discorda. Mas o que muita gente não sabe é que isso pode se tornar um problema sério. De acordo com estudo realizado pela TNS-Sofres, esse isolamento, real ou percebido, afeta toda a sociedade, incluindo uma faixa etária até então considerada a menos suscetível a este fenômeno: a juventude.
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Os pesquisadores perguntaram para jovens franceses entre 18 e 24 anos se eles já sofreram de solidão. O resultado foi surpreendente, uma vez que 49% disse se sentir só “frequentemente” ou “às vezes”, contra 39% de outras faixas etárias da sociedade. E não para por aí: esses números podem chegar a 74% ao se incluir os jovens que responderam “em raras ocasiões”.
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Estes números se tornam ainda mais alarmantes ao se comparar com igual pesquisa feita em 2010, quando 33% sentiu solidão “frequentemente” ou “às vezes”. O aumento de 16 pontos percentuais em 4 anos mostra um crescimento particularmente rápido deste sentimento entre os jovens, em relação à população em geral, na qual o aumento foi de 9 pontos percentuais.
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Solidão: um fenômeno indescritível
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Mas sentir solidão não significa necessariamente estar sozinho, conforme lembra o psiquiatra Gérard Macqueron, autor do livro “Psicologia da solidão”. Segundo ele, é preciso distinguir entre três coisas: o isolamento, que é um fato sociológico definido como tendo menos de dois contatos por dia; a solidão, ou o fato de viver sozinho, que pode ser uma escolha e ser uma ótima experiência; e, finalmente, o sentimento de solidão. Se os jovens se sentem sozinhos, eles podem não estar assim, de fato, em suas vidas. O que torna o fenômeno ainda mais difícil de definir.
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A pergunta inquietante é: se os jovens são normalmente os mais capazes de se abrir para os outros e se socializar, como eles podem se sentir sozinhos? Segundo os especialistas, além do período clássico que é descrito como “iniciação”, após a saída da casa da família, outros fatores reforçaram esse sentimento de solidão, como o mercado de trabalho, os estudos de duração mais longos ou mesmo aumento da mobilidade geográfica.
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A solidão está ligada ao sentido da vida, diz Gerard Macqueron. “O futuro destes jovens parece mais sombrio do que o de gerações anteriores. Hoje estamos em um país onde se tem a impressão de que não há projeto para a juventude e as condições políticas e econômicas podem aumentar claramente o sentimento de solidão”.
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