Relacionamento e crise são parceiros inseparáveis de qualquer relação
Um grande equívoco, e muitas vezes responsável pela separação do casal, é a tentativa inócua de fazer de conta que a crise na relação não existe. Esse comportamento leva ao acúmulo de mágoas, ressentimentos, irritações, distanciamentos. Se você está em um relacionamento, não queira fugir, disfarçar ou omitir. As crises não vão acontecer independentemente da sua vontade. Estar com alguém envolve um esquema complexo, consciente e inconsciente de constantes projeções, introjeções, adaptações, acordos, ajustes, e principalmente mudanças. As mudanças ocorrem tanto por fatores internos quanto externos, e a maioria deles não pode ser controlados.
Como usar a crise para fortalecer a união?
Somos seres diferentes, mudamos continuadamente ao longo da vida, a cada dia, semanas, meses, anos. São mudanças imperceptíveis, mas elas estão acontecendo. Dessa forma, por exemplo, o dinamismo com que se assenta uma relação amorosa faz com que as mudanças naturais promovam transformações no vínculo afetivo, e consequentemente instalem crises na relação.O casal deve sempre buscar a harmonia e não o equilíbrio, que dá a conotação de estarmos em uma corda bamba) , precisa procurar usar da sua criatividade e inteligência para adaptar-se o mais breve possível à novas situações, respeitando os sonhos e objetivos do casal, bem como a individualidade de cada um, e assim minimizar seus efeitos, fortalecendo o vínculo.
O que pode desencadear a crise
Os conflitos que resultam em crises normalmente são produtos da própria relação e são os diversos fatores que podem desencadeá-los, como por exemplo o nascimento de filhos, mudanças financeiras, crescimento diferenciado do casal, não correspondência dos papeis ou sua própria rigidez, busca de realizações pessoais em detrimento as aspirações do casal, ciúmes, ritmos diferentes, controle, indiferença, diferença cultural, falta de diálogos, mágoas e ressentimentos reprimidos, doenças, ingerência familiar, etc.
Como identificar a crise na relação
A identificação do início das crises é fácil de se perceber, pois a relação vai perdendo o encanto. Há dificuldades de acordo; as cobranças aumentam; diminui-se o carinho e afeto; amplia-se a individualidade; um começa a ficar contra o outro, isolam-se; o diálogo torna-se monossilábico e com acusações e cobranças cada vez maiores; a frequencia sexual diminui, o prazer também. O abismo entre o casal começa a aumentar. Usemos como exemplo a chegada de um bebê que sempre gera certa desarmonia entre o casal. Para se adaptar à nova situação, o casal deveria ampliar seu espaço relacional para que essa criança ocupe seu espaço na relação, sem comprometer o espaço que já existia. A chegada de uma criança não deveria causar prejuízos à relação do casal, ao contrário, deveria melhorar a parceria.
Porém é bastante comum que muitos casais tenham dificuldades em se adaptar à nova estrutura familiar, estabelecendo uma relação de exclusividade muito forte, estreitam ao invés de ampliar o espaço relacional, afetando diretamente o vínculo e tornando-o bastante infantil. Isso afeta diretamente a intimidade e privacidade deles, que começam a se afastar, vivendo somente os papéis da maternidade e paternidade, esquecendo dos papéis de marido e mulher. Pronto, um já não serve mais para o outro, parecem que não se amam mais.
Se as crises não são tratadas abertamente entre o casal, cedo ou tarde ela se tornará crônica, repleta de insatisfações e de distanciamento afetivo e sexual. Este “esfriamento da relação“, leva o casal à acomodação ou à ruptura da união Quando a crise ocorre, há uma diminuição da percepção clara e ampla sobre a situação. Os fatores internos, os “contratos inconscientes”, as defesas, e as possíveis influências familiares sombreiam a consciência, aumentam as discussões e o afastamento do casal.
A ansiedade, bem como o alto nível de angústia pode levar a medidas impulsivas, vingativas, levando o casal à um estado de desequilíbrio emocional. Isso advém pelo fato de a situação ser observada de forma limitada, estreita, única. Isso se dá em virtude de se enxergar dentro do contexto de funcionamento do casal, limitando a criatividade, dificultando encontrar uma nova solução para o conflito, ou seja, repetem as mesmas formas e posturas anteriores de resolução do conflito que não deram certo. Há os que buscam encontrar um culpado e esquecem-se de olhar também para si mesmo; outros ficam nas insinuações e ironias, mas não falam abertamente sobre a questão; tem aqueles que evitam qualquer tentativa de discutir o assunto e até mesmo a sua causa. Há medo da mudança, do novo, fruto da inflexibilidade e intolerância.
Por outro lado, quando se busca a criatividade, aliando essa a inteligência para a solução da crise, ocorre a mudança natural da relação, fortalecendo o vínculo e o crescimento do casal. Então, tudo depende de como cada casal vai lidar com o conflito. Se irão fugir, acomodar-se ou se buscarão modificar a estrutura e funcionamento da relação, aprimorando a qualidade dos sentimentos.Então, não fuja das crises. Encare-a de frente, abra-se para o diálogo. Para isso, utilize sua inteligencia e criatividade.
Renovação e fortalecimento do vínculo. É isso que deseja a crise na relação afetiva!
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