Alimentar-se é uma necessidade básica para a sobrevivência. Mas até o instinto que nos leva a comer pode se transformar em um distúrbio chamado de compulsão alimentar. O problema acaba gerando sofrimento e culpa, por isso, o indivíduo precisa de apoio para conseguir contornar a situação.
O que é a compulsão alimentar?
Para a psicóloga Caroline Ribeiro da Silveira, a compulsão é um conflito psíquico, no qual a pessoa apresenta constantes e incontroláveis pensamentos e ações que não gostaria de ter, ocasionando muito sofrimento.
Um artigo da Revista Brasileira de Psiquiatria, escrito por José Carlos Apolinário e Angélica M. Claudino, cita que a prevalência da compulsão alimentar é de 2% da população. O trabalho ainda menciona que a maioria dos pacientes com esse distúrbio é obesa e que o início do excesso de peso é precoce.
Apolinário e Claudino mostram dados publicado por Berkowitz: de um grupo de adolescentes obesos que buscaram tratamento para emagrecer, cerca de 30% apresentavam compulsão por alimentos.
O transtorno alimentar chamado de compulsão é caracterizado por uma ingestão exagerada de alimentos em um curto período de tempo e a perda do controle da quantidade que se come. Ou seja, são episódios em que a pessoa doente não consegue controlar seus impulsos por comida.
Como surge a compulsão alimentar?
Caroline explica que para cada pessoa, a compulsão alimentar apresenta-se de uma forma e que, na maioria das vezes, a origem da doença está ligada à questões emocionais, afetivas, problemas com a autoimagem e com autoestima.
“Muitas vezes, há uma grande insatisfação com o próprio corpo, e na tentativa de controlar o peso a pessoa faz o movimento inverso, ingere descontroladamente alimentos como alternativa de sanar seu problema emocional”, conta a especialista.
Além da dificuldade de lidar com a comida, as pessoas com compulsão alimentar geralmente desenvolvem transtorno de ansiedade e humor, pois entram em um sofrimento oriundo da negação da autoimagem, de mal estar e de vergonha por comer, segundo a psicóloga.
Tudo isso leva o indivíduo ao isolamento, à depressão, à culpa e nojo de si mesmo, com traços de agressividade.
Como lidar com a compulsão?
“Quando o alimento é uma dependência, em que é preciso comer para aliviar a angústia e preencher um vazio, é preciso procurar ajuda”, recomenda Caroline.
O tratamento para a compulsão mais indicado é o acompanhamento por uma equipe composta de psicólogo, psiquiatra, nutricionista, educador físico e médico, onde cada um tem o papel importante de compreender a pessoa, sua singularidade e o contexto que desencadeou a doença.
A psicóloga ainda enfatiza o papel da família e amigos ao lidar com alguém que tem compulsão alimentar. É preciso que todos compreendam que é uma doença em que o indivíduo não escolheu sofrer. “Tem que haver diálogo e incentivo”, ressalta.
Ela menciona, ainda, que muitas vezes as famílias acabam mudando os hábitos alimentares para ajudar quem lida com um transtorno alimentar, o que gera muitos benefícios no tratamento da doença.
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