Saúde Mental

Entenda o medo do abandono e como superar esse sentimento

Por Redação Doutíssima 16/08/2015

O medo do abandono é uma reação bem comum na infância, quando há uma dependência muito grande de outras pessoas. Esse receio também pode ser reflexo de um sucessão de traumas.

 

Quem tem medo do abandono?

Para a psicóloga Raquel de Oliveira Vieira, o medo do abandono é um mecanismo primário de defesa. Ela exemplifica com a infância, fase em que os pequenos dependem exclusivamente dos adultos para sobreviver.

abandono

A falta de afeto dos pais gera consequências negativas no desenvolvimento da criança. Foto: Shutterstock

“Desde cedo desenvolvemos alertas e mecanismos de adaptação no meio em que vivemos. Deixar um bebê esperando muito tempo no berço enquanto ele chora pode desencadear uma série de sentimentos e sensações, desde mal-estar até uma necessidade real a ser suprida, como a fome”, explica Raquel.

Ao constatar que algo está errado e que não há um adulto protetor, a criança desenvolve o medo de ser abandonada. “É um medo do que isso pode ocasionar, como exposição a todo tipo de perigo, incluindo a morte”, conta a psicóloga.

Raquel fala que crianças e bebês cultivam a relação familiar através do amor e cuidados recebidos pelos pais e cuidadores. Essa é a maneira instintiva de retribuir a proteção fornecida pelos adultos, assim como a alimentação, higiene, agasalho e aconchego.

“A experiência de abandono e seu significado podem ser diferentes para cada criança”, comenta a especialista, que menciona que as consequências, normalmente, são uma catástrofe na vida de quem sofre essa falta de afeto e cuidados.

Ela ainda ensina que o abandono afetivo é um sintoma de uma série de situações anteriores. No Brasil, crianças que sofreram com a negligência de cuidados básicos e afetuosos por parte dos pais ou responsáveis, podem pedir na justiça indenização por dano moral.

Consequências e a superação do abandono

Em cada indivíduo, as reações de se sentir abandonado são diferentes. Raquel diz que tudo depende da motivação intrínseca e se a criança teve algum apoio parcial ou integral após o ocorrido.

 

Conforme um estudo publicado na Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em 2012, a falta de afeto dos pais gera consequências negativas no desenvolvimento da criança.

 

“Em abandonados, podem surgir problemas relacionados às áreas afetiva, social, intelectual e até mesmo o aparecimento de transtornos, fobias e neuroses”, afirma Raquel.

O abandono tem consequências extremamente prejudiciais para crianças e adolescentes. “O sofrimento psíquico pode causar uma série de patologias psicossomáticas” comenta Raquel. Os impactos são de curto, médio e longo prazo e é necessário tratá-los com um profissional habilitado, com a participação da família.

A especialista recomenda terapia cognitivo-comportamental, a dialética, e a psicoterapia analítica como tratamentos. A última, porém, requer mais tempo dedicado do que as outras.

A psicóloga comenta que é muito difícil tratar esse medo sozinho, principalmente se aconteceu de fato. Quando é apenas um receio, a rotina familiar com amor e carinho é capaz de amenizar o problema.

 

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