Nosso sistema imunológico é como um exército. A vacinação funciona como um reforço nas defesas do organismo contra as doenças, para deixá-las sempre em alerta. “Não podemos baixar a guarda”, alerta a imunologista Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Infelizmente, não é o que se tem visto no Brasil nos últimos tempos. Com a prevenção sendo deixada de lado, diversas doenças que já haviam sido erradicadas estão agindo novamente.
Doenças antigas de volta
O sarampo, que já havia sido erradicado, tem aparecido em forma de surtos na região Norte do país, além de Porto Alegre, no Sul. Acreditando não haver mais perigo, já que não havia mais epidemias da doença no país, muitos pais deixaram de vacinar seus filhos.
Por conta disso, a cobertura vacinal – a quantidade de pessoas vacinadas em território brasileiro – vem caindo a cada ano.
Lá de fora
Esse surto atual, segundo Isabella, acontece porque o vírus veio de outros países. Na Europa, mais de 45 mil pessoas foram infectadas pelo sarampo em 2018. “Para deflagrar um surto, basta que um europeu venha para cá, ou um de nós vá para a Europa, e volte infectado”, alerta.
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Outro caso importante é a chegada de venezuelanos no Norte do Brasil, onde também foram registrados surtos da doença. “Mas a culpa não é de quem trouxe o vírus. A responsabilidade é nossa: se os brasileiros estivessem vacinados, não haveria tantos casos de sarampo”, lembra Isabella.
Fake news
Há mais um fator que contribui para uma procura menor por vacinas: as fake news. Quem alerta é o Ministério da Saúde do Brasil. De acordo com a pasta, essa desinformação desencoraja os pais a vacinar seus filhos.
Veja abaixo algumas notícias falsas que aparecem nas redes sociais:
- Vacina mata. “Não, vacina salva. Não vemos mais varíola, ninguém mais morre de pólio, nem de sarampo, e nem carregam sequelas para o resto da vida. Graças às vacinas”, disse Isabella.
- Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo sobrecarrega o sistema imunológico. Não, muito pelo contrário. É uma forma de garantir que a pessoa receberá as doses de vacina adequadas. “O simples ato de comer introduz novos antígenos no corpo e numerosas bactérias vivem na boca e no nariz.”, alerta o Ministério da Saúde.
- Gestantes, mulheres amamentando e bebês de colo não podem tomar vacinas. Apenas as vacinas da febre amarela e da dengue não podem ser aplicadas nos casos acima. As demais estão liberadas. “Vacinar a gestante é a forma mais eficaz de proteger o bebê nos primeiros três meses de vida”, afirma Isabella.
- Vacina causa autismo. Não é verdade. Essa relação entre vacina e autismo foi levantada por um estudo em 1998, mas que foi considerado absolutamente falho.
- Vacinas têm mercúrio. O que existe na vacina é uma substância que se chama tiomersal, que contém mercúrio, e é utilizada como conservante. Mas a quantidade é tão baixa que não causa mal algum ao organismo.
O Ministério da Saúde está em constante vigilância para acompanhar a disseminação de fake news e desmenti-las. E você pode ajudar: a pasta disponibilizou um número de WhatsApp para entrar em contato.
Qualquer pessoa pode enviar imagens ou mensagens que recebe por meio de redes sociais para confirmar se a informação é verdadeira. Anote o número: (61) 99289-4640.
Quem pode e quem não pode
As vacinas contra caxumba, rubéola, febre amarela e dengue são do tipo atenuadas — elas contêm o agente infeccioso vivo, mas enfraquecido — e não são indicadas para todo mundo.
Pessoas que fazem tratamento contra o câncer, são portadoras de HIV, fizeram transplante de órgãos ou têm algumas doenças autoimunes não devem tomar.
“Isso porque elas estão com o sistema imunológico debilitado, e não estão em condições de criar novas defesas contra as doenças”, explica Isabella.
Atualizando a carteirinha
Tão importante quanto vacinar as crianças, os adultos também precisam reforçar sua “tropa de choque” contra as infecções. Assim, a cobertura vacinal impede que a doença se espalhe para outras pessoas.
Os postos de saúde oferecem muitas das vacinas hoje disponíveis para crianças, adolescentes e adultos. Veja aqui a tabela para todas as faixas etárias do Ministério da Saúde e atualize sua carteirinha de vacinação!
*Colaborou Vanessa Zampronho