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Entenda os perigos da aplicação de metacril no corpo

Por Francine Costanti 16/10/2019

Muito popular entre as mulheres, o metacril é uma substância que promete resultados imediatos e sem uso do bisturi. A indústria da estética divulga que o produto é capaz de levantar o bumbum, eliminar a celulite e amenizar os sinais de expressão. Por outro lado, o preenchimento pode causar sérios danos à saúde e, após a aplicação, é impossível de ser retirado do corpo.  

Veja o papo que tivemos com o Dr. Wendell Uguetto, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, que faz um importante alerta para o uso do metacril – que pode levar até à morte.      

BUMBUM TURBINADO - doutissima - iStock

Ao ser aplicado no corpo, o metacril se dilui entre os tecidos e pode provocar reações e sequelas irreparáveis. Foto: iStock

O que é metacril?

O metacril, também conhecido como PMMA (polimetilmetacrilato), é um polímero plástico utilizado para preenchimentos em algumas partes do corpo e rosto. É importante ressaltar que, ao ser aplicada no corpo, a substância se dilui entre os tecidos. Ou seja, uma vez injetada ficará para sempre no organismo e, em alguns casos, provoca reações e deixa sequelas irreparáveis, como nódulos e infecções. 

De que maneira é feita a aplicação?

O metacril vem numa apresentação pronta dentro de uma seringa que contém 1 ml do produto. Sua aplicação é feita em ambiente ambulatorial, ou seja, no consultório, sem a necessidade de anestesia geral ou sedação. 

Para sua aplicação é feita inicialmente uma limpeza no local da pele. Através de injeções com agulhas, o produto é injetado na região que se deseja preencher. Havendo a necessidade, mais de uma ampola pode ser utilizada.

Por que houve aumento na procura por essa substância para fins estéticos?

Sempre houve a procura de um produto ideal para injeção e preenchimento no corpo e rosto humano. O produto ideal seria de fácil manipulação, barato, fácil aplicação, resultados imediatos e que não causasse complicações.

Na década de 80 o silicone líquido se tornou muito popular, pois era uma substância de fácil utilização e muito barata. Entretanto, as complicações eram muitas e terríveis. 

O metacril surgiu há mais de 15 anos e parecia ser um bom substituto para o silicone por ser mais seguro e bem mais barato que o ácido hialurônico. Entretanto, com o passar dos anos observaram-se muitas complicações pelo fato a substância migrar de posição e poder ser sítio de infecções mesmo muitos anos após a sua aplicação. 

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Para quais procedimentos ele é considerado seguro?

O metacril é aprovado pela Anvisa para uso em pequenas quantidades. A substância é bastante usada em casos de ossos fraturados – em casos de osteoporose, para fraturas da coluna vertebral e fixação de próteses dentárias. Já a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica recomenda a NÃO utilização. 

Quais são os efeitos do metacril no corpo?

O metacril pode migrar de posição, ulcerar, machucar a pele onde foi aplicado e se tornar sítio para infecção. Na grande maioria das vezes, quando essas complicações aparecem é difícil a resolução do quadro sem a retirada do produto. Mas existem casos raros em que esses sintomas diminuem ou desaparecem de acordo com o tratamento adequado instituído ou até de forma espontânea.

O excesso de metacril no corpo pode levar à morte?

Sim. A morte com o uso de metacril pode ocorrer em duas situações: a primeira delas é no ato da injeção de grandes quantidades, quando um vaso sanguíneo é atingido. Então a substância cai na corrente sanguínea e vai para coração e pulmão, gerando um quadro grave de tromboembolia pulmonar (foi isso que aconteceu naquele famoso caso do Dr. Bumbum, que responde por homicídio qualificado após a morte de uma mulher). O segundo momento é quando aquele metacril injetado já há muito tempo infecta. 

Por que, depois de aplicada, é impossível retirar a substância do corpo?

A retirada total é praticamente impossível porque no ato da injeção da substância ela é introduzida dentro do músculo em vários túneis – ou seja, não se torna um produto único fácil de se identificar. A retirada parcial é o que acaba acontecendo na grande maioria das vezes que se tenta fazer isso.

Reiteramos que a Sociedade Brasileira de cirurgia plástica não aconselha o uso do metacril, uma vez que existem outras substâncias mais seguras que podem ser utilizadas. Outro grande problema é o uso generalizado do metacril por diversos profissionais que não são médicos e o fazem de forma clandestina, colocando a vida do paciente em risco.

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