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Hirsutismo: distúrbio hormonal provoca excesso de pelos e outras alterações no corpo da mulher

Por Francine Costanti 15/11/2019

Está sofrendo com excesso de pelos no corpo e não sabe a causa da alteração? Você pode estar com sintomas de hirsutismo, um distúrbio hormonal que costuma afetar mulheres nos anos férteis e logo após a menopausa. Mas não se preocupe: o problema pode ser facilmente tratado! 

Conversamos com o Dr. Alessandro Scapinelli, ginecologista e obstetra e membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, para tirar dúvidas sobre o problema e conhecer possíveis causas e tratamentos. Veja como foi o papo:  

Fortíssima: O que é hirsutismo? 

Dr. Alessandro Scapinelli: O hirsutismo é o crescimento excessivo de pelos grossos, longos e pigmentados no corpo da mulher, mas de maneiro gradual. O problema está relacionado ao aumento de hormônios com características masculinas produzidos nos ovários ou nas glândulas adrenais, situadas acima dos rins (o que é mais comum).

Geralmente esse crescimento excessivo de pelos se manifesta no rosto, queixo, tórax, abdome, parte interna da coxa, períneo e glúteos. 

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Existe outro nível de hirsutismo que chamamos de “viralização” (exposição a níveis mais altos de hormônios), que causa o aparecimento repentino de pelos em grande quantidade no corpo e normalmente vem acompanhado do crescimento do clítoris e engrossamento da voz, calvície temporal, diminuição do tecido mamário, aumento de massa muscular e perda de contornos femininos. 

Na virilização temos uma alta quantidade de testosterona e outros hormônios masculinos sendo produzidos em decorrência de tumores normalmente localizados na glândula adrenal e no ovário. 

O que provoca o hirsutismo?

Existe uma maior ativação dos receptores androgênicos periféricos (presentes na pele), e em consequência um maior crescimento dos pelos. Essa ativação pode acontecer simplesmente por questões genéticas ou pela presença de hormônios de características masculinas no local. 

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Hirsutismo se manifesta no rosto, queixo, tórax, abdome, parte interna da coxa, períneo e glúteos. Foto: iStock

O cortisol presente em maiores quantidades nas mulheres obesas e em estresse crônico pode justificar quadros de hirsutismo, tanto pela maior produção quanto pelo aumento da fração livre desses hormônios com características masculinas. Uma das causas mais comuns para o surgimento do hirsutismo é a síndrome do ovário policístico (SOP). 

O problema também pode estar ligado ao ciclo menstrual irregular, à infertilidade e acne, porém muitos casos não têm uma causa definida, porque o corpo da mulher pode estar sofrendo várias dessas alterações ao mesmo tempo. 

Algumas mulheres desenvolvem o hirsutismo por conta da ingestão de medicamentos que naturalmente estimulam o crescimento dos pelos, como anabolizantes. A resistência insulínica, situação onde existe uma desregulação do metabolismo da insulina, contribui também para o aumento na produção de androgênios e consequente aumento de pelos.

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Como tratar a condição? 

A paciente deve se consultar com um ginecologista para restabelecer o equilíbrio hormonal e metabólico, mediante adoção de bons hábitos (dieta e atividade física, principalmente aeróbica). 

Algumas medicações podem bloquear os receptores androgênicos (hormônios masculinos), outras melhoram a resistência insulínica. Tratamentos cosméticos são de grande valia, assim como a depilação à laser. 

O uso de pílulas contraceptivas também é outra forma de tratamento, porque bloqueia a produção ovariana da testosterona e diminui a fração livre dos androgênios, constituindo uma importante ferramenta para o controle e tratamento do hirsutismo.